Em coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira (16), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, detalhou a decisão de voltar atrás na recomendação de vacinar adolescentes sem comorbidades. Segundo Queiroga, a mudança foi revista por conta de 1,5 mil eventos adversos. Entre eles, 93% referem-se à aplicação de vacinas que não foram aprovadas pela Anvisa para esse público. No total, cerca de 3,5 milhões de adolescentes foram imunizados no país, incluindo os que possuem comorbidades ou não.
— Não é um número grande, mas temos que ficar atentos — disse Queiroga.
O ministro criticou a decisão de estados e municípios de iniciarem a vacinação de adolescentes nesta faixa etária antes da data estipulada — 15 de setembro — e também a utilização de outros imunizantes que não o da Pfizer. Segundo ele, há registros de vacinação de jovens com menos de 18 anos ainda em agosto.
— Não dá para o Ministério da Saúde se responsabilizar por condutas fora do Programa Nacional de Imunizações. Não apliquem vacinas que não tenham autorização da Anvisa — afirmou o Ministro.
Secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Medeiros afirmou que cerca de 93% dos 1,5 mil eventos adversos são considerados erros de imunização: adolescentes que foram vacinados com imunizantes que não foram ainda autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para esta faixa etária. O único imunizante autorizado pela Anvisa para aplicação nos adolescentes, até agora, é o da Pfizer.
Medeiros explicou que são definidos como evento adverso pós-vacinal qualquer reação que não esteja prevista dentro do escopo da bula do imunizante. Eles estão divididos entre efeitos adversos graves e efeitos adversos e não graves.
— A gente tem monitorado os casos. A maioria são efeitos adversos leves, mas tivemos o Estado de São Paulo teve uma morte temporalmente associada ao processo de vacinação. Nós estamos investigando esse caso. Não sabemos ainda se o paciente tinha outras comorbidades, está em investigação — afirmou Medeiros.
O adolescente cuja morte está sendo investigada recebeu a vacina da Pfizer, segundo o ministério. Ainda não se sabe se existe ou não associação direta da morte com a vacina.
No Rio Grande do Sul, de acordo com os dados apresentados pelo ministério na coletiva de imprensa, 59.736 adolescentes entre 12 e 17 anos receberam doses de vacina. Entre eles, 57.958 foram vacinados com a Pfizer. 941 receberam a vacina do Butantan (CoronaVac), 838 da AstraZeneca e 26 da Janssen.
A pasta informou que está monitorando os adolescentes que tomaram vacinas de outros laboratórios, e pediu que estados e municípios realizem a busca ativa destas pessoas.
Recomendações
A recomendação do Ministério da Saúde, a partir de agora, é que os jovens sem comorbidades que foram vacinados não tomem a segunda dose da vacina, por enquanto.
— Aqueles sem comorbidades, independentemente da vacina que tomaram, param por aí. Por uma questão de cautela, até que se tenha mais evidência. Os com comorbidades que tomaram a vacina Pfizer, completem o esquema vacinal — afirmou o ministro.