Um alerta para quem usa máscara de proteção respiratória sem cobrir o nariz: mais do que oferecer risco ao outro, a maior prejudicada é a própria pessoa que insiste em usar a proteção de forma incorreta. Infectologistas afirmam que o uso de máscara continua sendo uma das principais ferramentas no combate à pandemia de coronavírus.
O médico Alessandro Pasqualotto, chefe do Serviço de Infectologia da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre e professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), reforça que, ao usar a máscara, a pessoa protege os demais da transmissão das suas partículas respiratórias, que são eliminadas pela boca e pelo nariz.
— Não faz o menor sentido cobrir apenas a boca. Em proximidade com outras pessoas, o vírus tem menor chance de ser transmitido se todos estiverem usando a máscara de forma correta.
Pasqualotto lembra da queda no número de casos de covid-19 nos Estados Unidos e na Inglaterra, o relaxamento das medidas de proteção nestes países e o consequente aumento dos casos da doença. O médico admite estar receoso com o que identifica como "abertura acelerada" nas cidades gaúchas.
— Acho que é preciso abrir, mas muito cuidado com ambientes fechados e com pessoas não usando máscara. Precisamos ter um pouco mais de atenção ao que ocorreu nos Estados Unidos e na Inglaterra, porque tudo pode voltar em grande escala. Podemos dar o exemplo, se mantivermos as medidas de uso de máscara e distanciamento social.
Chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Eduardo Sprinz acrescenta que o nariz pode ser uma porta de entrada importante para o coronavírus.
— A transmissão se dá por gotículas e por aerossol. Então, se a pessoa inspira o ar e nele tem o vírus, ela pode ser contaminada. Quando falamos que é preciso cobrir boca e nariz, é, justamente, porque o nariz tem secreções e onde a pessoa pode ser contaminada e pode transmitir ao outro — esclarece.
Sprinz orienta que os vacinados mantenham o uso da máscara. O ideal, segundo ele, é que as pessoas usem, pelo menos, a máscara cirúrgica — ela apresenta como diferencial um material que filtra partículas menores que os tecidos comuns. O infectologista do Clínicas também lembra da potência da variante Delta, mais transmissível do que outras variantes do coronavírus, que já circula no Estado.
— Quanto menos as pessoas se protegerem, maior será a chance da variante Delta circular no nosso meio. Baseado nos outros locais onde ela já existe, sabemos que o número de casos aumenta mesmo entre os vacinados — lembra Sprinz.
Um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre (SMS) apontou que o uso de máscaras reduz em 87% a chance de ser infectado pelo SARS-CoV-2. Além disso, o estudo concluiu que pessoas que aderem moderada a intensamente ao distanciamento social têm entre 59% e 75% menos chances de contrair o coronavírus.
O decreto estadual 55.882, que institui o Sistema de Avisos, Alertas e Ações para enfrentamento à pandemia no Rio Grande do Sul, prevê advertência ou multa, a partir de R$ 2 mil, para quem não usar máscara corretamente em espaços públicos, espaços privados com acesso público e em transportes públicos coletivos.