Qual é o tempo que uma pessoa deve dedicar, por semana, à atividade física se quiser ter um estilo de vida saudável? Que atividades pode fazer e quais são indicadas para sua faixa etária, seu momento de vida? Estas são algumas das questões respondidas pelo Guia de Atividade Física para a População Brasileira, a primeira publicação desse tipo a ser lançada pelo governo federal.
Desenvolvida pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), em parceria com pesquisadores em atividade física, técnicos do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), a cartilha está disponível online, para leitura ou em formato de audiobook, em português, inglês e espanhol. O acesso é pelo site do Ministério da Saúde.
— Diferentemente de outros países, o Brasil nunca teve recomendações para a prática de atividade física da sua população. Em 2019, em um diálogo com o secretário de Atenção Primária à época, surgiu a ideia de fazê-lo. Foi um esforço colaborativo com 70 pesquisadores espalhados por todos os Estados brasileiros ou que atuam fora do país — disse Pedro Hallal, coordenador da pesquisa e ex-reitor da UFPel em apresentação da cartilha nesta quarta-feira (7).
Lançado em 29 de junho, o guia se debruça sobre a duração e o tipo de atividades aconselháveis para diferentes ciclos de vida, como a infância, a vida adulta, a terceira idade, e até mesmo durante a gestação e o pós-parto. Uma das principais mensagens é a de que qualquer atividade física é válida, já que se movimentar em qualquer lugar e durante o tempo possível é muito mais benéfico à saúde do que não fazer nada: vale caminhar, cortar a grama, levantar-se por alguns minutos após longos períodos sentado, se deslocar a pé ou pedalar em vez de ir de carro e, é claro, praticar esportes.
O que muda é o esforço envolvido em cada uma das atividades. Normalmente, quanto mais intensa for a ação, maior é o aumento dos batimentos do coração, da respiração, do gasto de energia e da percepção de esforço.
Intensidade e duração
Para orientar a população, a publicação estabelece três intensidades de atividade física: leve, moderada e vigorosa. A mais leve exige um mínimo de esforço físico e causa pequeno aumento da respiração e dos batimentos cardíacos. Durante essa atividade, é possível conversar normalmente enquanto se movimenta.
Já a atividade moderada é aquela que exige mais esforço físico, fazendo o indivíduo respirar mais rápido do que o normal e aumentar um pouco os batimentos cardíacos. Conversar fica um pouco mais difícil nessa intensidade.
Na atividade vigorosa, que envolve grande esforço físico, respiração e batimentos do coração ficam elevados e se espera que os indivíduos não consigam conversar. Se utilizando de evidências científicas atuais, a equipe de especialistas estimou a duração recomendada de atividade física semanal para diferentes faixas etárias e períodos da vida.
Reduzindo o sedentarismo
O comportamento sedentário, segundo a publicação, também precisa ser reduzido tanto quanto possível pela população brasileira. São aquelas atividades em que o indivíduo está acordado, mas gastando pouca energia por estar deitado, sentado ou reclinado, posições frequentemente adotadas durante o uso de celular e computador. A recomendação é que quem passa muito tempo parado ao longo do dia tente compensar esse comportamento incluindo mais tempo de atividade física na semana.
— Uma pessoa adulta pode passar cerca de 10 horas do dia sentada, por conta do trabalho, e acumular uma grande quantidade de comportamento sedentário por conta disso. E ao mesmo tempo atingir as recomendações de atividade física para a sua faixa etária, fazendo sua caminhada, sua corrida ao longo da semana — afirma o pesquisador integrante do estudo Leandro Garcia, da Universidade de Queens, na Irlanda do Norte.
O tempo passado em frente às telas tende a ser um aliado do sedentarismo, e por isso a orientação é que, durante o primeiro ano de vida, bebês não sejam colocados em frente a dispositivos como celular, computador, tablet e TV. Já para crianças de um até cinco anos, o tempo de acesso a eles deve ser limitado a uma hora por dia. Para as demais faixas etárias, o importante é sempre buscar reduzir o tempo de exposição aos dispositivos, dentro de suas possibilidades.
A cartilha elenca ainda uma série de benefícios associados à atividade física, desde a melhora nos estudos e nas habilidades de socialização até a ajuda na prevenção de doenças como diabetes, obesidade e Alzheimer. A alimentação regrada também é parte importante de uma vida saudável. A esse respeito, o governo federal disponibiliza o Guia Alimentar para a População Brasileira.