Conhecida como C37 ou andina, a variante do coronavírus, identificada inicialmente no Peru, foi encontrada na análise das amostras de secreção coletadas de um morador de Itaqui, na Fronteira Oeste, que está internado no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Ele trabalha como motorista de caminhão e, durante uma viagem com partida de São Paulo, passou pela Argentina.
É o primeiro caso oficial dessa variante no Estado e o terceiro no Brasil (os outros dois são de São Paulo), de acordo com a plataforma internacional de dados GISAID, que armazena informações detalhadas de amostras de coronavírus de todo o mundo.
O hospital, onde se efetuou o sequenciamento do genoma do vírus sars-cov-2 dessa amostra, comunicou o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) na segunda-feira (14), e o Ministério da Saúde também já foi informado. Agora, autoridades sanitárias da Capital e de Itaqui estão orientando familiares e demais contactantes do homem, procurando saber se essas pessoas realizaram testes para a covid-19. Se o material for localizado, deverá passar por análises mais detalhadas.
O HCPA não divulga outras informações do caso para preservar a identidade do paciente que está em tratamento.
Richard Steiner Salvato, especialista em Saúde do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) e integrante da Vigilância Genômica da instituição, explica que o Centro Europeu de Controle de Doenças classifica a C37 como variante de monitoramento, nível abaixo das chamadas variantes de interesse ou de preocupação.
Afonso Barth, coordenador do Laboratório de Pesquisa em Resistência Bacteriana do HCPA, comenta que, quando uma variante que ainda não foi identificada surge em determinado local, é importante ter cuidado para que não se dissemine, principalmente se se tratar de uma linhagem que pode ser mais transmissível e prejudicial ao organismo.
Virologista e professor da Feevale, Fernando Spilki afirma que a chegada da C37 era aguardada justamente via Argentina. De acordo com Spilki, coordenador da Rede Corona-ômica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, é preciso aguardar as próximas semanas pra saber como a variante vai se comportar.
A América Latina, destaca o professor, não tem a mesma qualidade de coleta de dados da Europa, por exemplo, e ainda não há informações fidedignas principalmente sobre os efeitos clínicos da C37, ou seja, se pode causar quadros mais graves de covid-19.
O que preocupa, salienta Spilki, é que em locais onde a C37 disputou espaço com a variante Gamma ou P1, identificada pela primeira vez em Manaus (AM), a c37 conquistou espaço e avançou.
— A P1 continua majoritária na Argentina. Mas, em ambientes onde a P1 estava dominando, a C37 já está com 40% (da totalidade dos casos).
Atualmente, no Rio Grande do Sul, quase todos os casos de infecção por coronavírus são provocados pela P1.