O Rio Grande do Sul recebeu, na manhã desta quinta-feira (24), o primeiro lote das vacinas contra a covid-19 da Janssen, braço farmacêutico da Johnson & Johnson. São 91,8 mil imunizantes que, diferentemente dos demais, são administrados em esquema de dose única.
De acordo com o governo gaúcho, a remessa será distribuída para todos os municípios a partir de sexta-feira (25), juntamente com as demais vacinas recebidas nesta quinta — no mesmo voo, chegaram 195,6 mil CoronaVac e, à tarde, mais 147,4 mil doses da Pfizer serão recebidas. A quantidade destinada a cada cidade, no entanto, ainda não foi divulgada.
O Brasil recebeu, na última terça (22), um carregamento com 1,5 milhão de vacinas da Janssen. Ao todo, o governo federal contratou a compra de 38 milhões de unidades do produto, que devem ser repassadas ao Brasil até o fim de 2021.
Que vacina é essa?
Aplicada em esquema de dose única, a vacina demostrou que, 28 dias após a vacinação, apresenta 85% de eficácia na prevenção de formas severas da doença. A eficácia geral na prevenção da covid-19 moderada a severa, depois de 28 dias da vacinação, é de 66% em diferentes regiões onde foi estudada.
— A grande vantagem é que ela precisa de uma dose só. Isso realmente faz uma diferença gigante nas logísticas de vacinação — avalia Flávio Guimarães da Fonseca, virologista da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e presidente da Sociedade Brasileira de Virologia (SBV).
Esse esquema, explica, reduz os problemas que o Brasil tem vivenciado com os imunizantes Oxford/AstraZeneca e CoronaVac, cuja primeira aplicação precisa ser limitada para garantir a segunda dentro dos prazos estabelecidos pelos laboratórios.
O imunizante da Janssen é baseado em vetores de adenovírus sorotipo 26 (Ad26). Os adenovírus são vírus que já circulam entre a população. No caso da vacina, eles atuam como meio de transporte de uma parte do coronavírus para dentro das células humanas, estimulando uma reação de defesa do organismo.
— Costumo falar que a vacina de adenovírus é o que a gente chama de vetor viral, funciona igual a uma van escolar. O adenovírus é o veículo e vai levar um pedaço do coronavírus para dentro da sua célula — ilustra o virologista da UFMG.
Na prática, usando engenharia genética, se insere um gene que decodifica uma proteína importante do coronavírus dentro do adenovírus, que passa a ser o veículo de transporte.
— O adenovírus vai levar esse gene para dentro das nossas células, pois ele também é um vírus, porém, não faz mal para a gente. Quando ele chega na célula, aquele gene vira uma proteína do coronavírus, que também não faz mal, e nosso sistema imunológico responde a ela — completa Fonseca.
É importante salientar que essas vacinas são seguras e não causam patologias, pois alterações genéticas impedem que o vírus se reproduza.
— Eles entram nas células, produzem as proteínas e morrem — diz o presidente da SBV.