Porto Alegre superou 36% de toda a população vacinada com a primeira dose contra a covid, segundo dados atualizados até esta terça-feira (8), atingindo a meta parcial de cobertura em sete dos nove grupos incluídos até o momento no processo de imunização contra a pandemia.
Pelas informações do painel da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), apenas as gestantes e a primeira faixa etária de pessoas abaixo de 60 anos — que recém começaram a tomar as doses — não atingiram 90% do público-alvo atendido com a aplicação inicial, patamar considerado de bom desempenho da campanha contra a covid-19. A imunização completa, porém, exige duas injeções com diferentes prazos de intervalo.
Quatro dos grupos prioritários, conforme as informações oficiais da SMS, chegaram a superar 100% da população específica estimada na primeira dose: maiores de 60 anos (112%), idosos ou pessoas com deficiência em instituições (178%), pessoas com comorbidade (110%) e profissionais da segurança pública (129%), segundo os dados disponíveis até as 16h (veja gráfico a seguir).
Esse cenário de supervacinação, conforme o diretor da Vigilância em Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter, pode ter ocorrido por dois fatores principais: o número real de pessoas em cada categoria pode ter sido subestimado nas contas da prefeitura, e moradores de outras cidades, que não estavam previstos nas planilhas municipais, podem ter recebido as doses na Capital.
— Muitas pessoas não moram, mas trabalham ou fazem tratamento de saúde em Porto Alegre, e podem ter se vacinado aqui. Como é aceita declaração de moradia de próprio punho quando a pessoa não dispõe de comprovante de residência, essa pode ser uma das possíveis explicações — acredita Ritter.
No caso do grupo das comorbidades, que em nível estadual tem adesão bastante abaixo do esperado, com pouco mais de 55% do público previsto já beneficiado com pelo menos uma dose, a prefeitura revisou cálculos iniciais para ter uma estimativa mais realista. Uma conta inicial de 192 mil pessoas, feita com base na campanha de vacinação contra a gripe do ano anterior, foi revista para 135 mil e, após a publicação de definições mais exatas por parte do Ministério da Saúde, acabou reduzido para 98,3 mil pessoas.
Como já receberam a primeira dose 108 mil indivíduos por esse critério, é possível que o universo de moradores com problemas de saúde tenha sido subestimado ao final das sucessivas revisões.
Em nível estadual, o presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde (Cosems/RS), Maicon Lemos, acredita que a liberação das doses por idades, sem exigir outras comprovações, deverá ampliar a adesão de pessoas que tiveram dificuldade em provar sua condição:
— Considerando esta informação (baixa procura) que a vacinação por idade é mais interessante para vacinarmos o público acima de 50 anos que lideram os números de letalidade.
Na vacinação por faixa etária na Capital, que até terça-feira incluiu pessoas acima de 57 anos, por enquanto entraram apenas os dados daqueles com 59 anos no painel de monitoramento. Até o momento, 88% desse grupo se vacinou. Como ainda podem se imunizar, a SMS avalia que devem alcançar a meta de 90% em breve também. Apenas as gestantes e puérperas estão muito longe de atingir esse patamar com a primeira dose — até o momento, somente 19% do público esperado recebeu aplicações.
— Acreditamos que, nesse caso, o temor de possíveis efeitos adversos tenha afastado as gestantes — avalia Ritter.
A imunização com a segunda dose ultrapassou a meta da campanha apenas no grupo dos idosos acamados ou em asilos e pessoas com deficiência institucionalizados, com 118% de atingimento. Estão próximos do patamar desejado os profissionais de saúde (82,7%) e os idosos (85,7%).
Em relação à dose de reforço, a situação mais preocupante na Capital envolve os indígenas e quilombolas. Embora quase todos tenham tomado a primeira injeção, quatro em cada 10 não compareceram para receber a segunda em prazo que já venceu.
Vacinação por idade deve ganhar impulso com faixas etárias mais jovens
Até o momento, as unidades de saúde de Porto Alegre não registram procura tão intensa por parte dos adultos entre 57 e 59 anos. Uma das razões para isso, na avaliação do diretor da Vigilância em Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter, é que uma fração considerável das pessoas mais velhas já foi vacinada por algum dos critérios anteriores, principalmente por ter alguma comorbidade.
— No caso das pessoas com 59 anos, por exemplo, das 15 mil que moram no município, cerca de 6 mil já haviam recebido a vacina, principalmente pelo critério da comorbidade — observa Ritter.
À medida que a campanha contra a covid-19 avançar e chegar a grupos mais jovens, com menos doenças associadas, espera-se que o movimento nos postos aumente de forma significativa.
— Entre os grupos mais velhos, estimamos que pelo menos um terço já se vacinou. Quando chegarmos perto dos 18 anos, esse percentual deverá ser muito baixo — avalia o coordenador da Vigilância em Saúde.
Do grupo de 59 anos, por enquanto o único pelo critério exclusivo de idade que já tinha informações disponíveis no painel da prefeitura até terça, e que ainda não havia recebido a dose inicial, 88% procuraram uma unidade de saúde para se imunizar até o momento.