No centro da mais grave suspeita de corrupção investigada pela CPI da Covid, a vacina indiana Covaxin ainda não tem autorização plena para ser aplicada no Brasil. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permitiu apenas o emprego do imunizante em uma parcela correspondente a 1% da população – 4 milhões de pessoas. Até agora, porém, nenhuma dose do imunizante foi usada no combate à covid -19.
A autorização excepcional foi concedida em 4 de junho. As restrições se justificam pela ausência de resultados dos testes clínicos em fase 3. Esses estudos, porém, foram concluídos na semana passada na Índia. Após acompanhamento de 25,8 mil voluntários durante quatro meses, os testes demonstraram uma eficácia global contra o coronavírus de 77,8%.
A partir desses resultados, a Precisa Medicamentos, intermediadora da importação, deverá ingressar nesta segunda-feira (28) com um pedido de uso emergencial na Anvisa. Um pedido semelhante já foi feito à Organização Mundial da Saúde (OMS) na última quinta-feira.
Enquanto não houver a autorização emergencial, a Covaxin segue com o uso restrito no país. De acordo com as normas impostas pela Anvisa, há 21 condicionantes ao uso da vacina. Entre as principais, estão a limitação de aplicação em pessoas com idade entre 18 e 60 anos, e distribuição somente em centros de vacinação vinculados aos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (Cries). Além disso, gestantes, lactantes, puérperas e pessoas com comorbidades não podem ser submetidas à vacina.
O contrato do governo brasileiro com a Bharat Biotech prevê a compra de 20 milhões de doses, num negócio de R$ 1,6 bilhão. Em 31 de março, a diretoria colegiada da Anvisa havia negado pedido para importação da Covaxin. Uma inspeção técnica de servidores da agência na fábrica da Biontech registrou 29 inconformidades, três delas consideradas críticas, 12 maiores e 14 menores. O certificado de boas práticas só seria concedido pela Anvisa à empresa indiana em 9 de junho.