A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Porto Alegre decidiu mudar a estratégia em relação à aplicação da vacina da Pfizer/BioNTech. As 32.760 doses não serão mais destinadas totalmente à primeira aplicação, conforme havia sido anunciado. Metade será reservada para a dose de reforço, para evitar atraso como aconteceu com a CoronaVac. Também será respeitado o intervalo de 21 dias entre doses, conforme a indicação da fabricante e contrariando orientação do Ministério da Saúde.
As vacinas da Pfizer chegaram na noite de segunda-feira (3) e começaram a ser aplicadas nesta terça (4). Parte da remessa ainda está no Centro de Distribuição do Estado e, na manhã de quarta (5), será levada ao Instituto de Ciências Básicas da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde ficará mantida em um ultrafreezer.
Coordenador da Vigilância em Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter disse que a decisão de dividir esse primeiro lote da Pfizer é para garantir que, caso a próxima carga demore, seja possível aplicar a segunda dose sem que se extrapole o intervalo recomendado pela fabricante.
Na noite de domingo (2), o Ministério da Saúde emitiu um informe técnico orientando Estados e municípios a aplicarem a segunda dose do imunizante da Pfizer em até três meses, apesar de a recomendação da fabricante ser de fazer a segunda injeção 21 dias depois da primeira.
— O Ministério da Saúde disse que a segunda dose da Pfizer pode ser em até três meses. Mas a Pfizer se pronunciou dizendo que não é bem assim. Ficamos na questão: seguimos o Ministério da Saúde ou a fabricante? Na dúvida, vamos guardar a segunda dose. Vamos começar a cuidar mais para não destinar tudo para primeira dose. Conversamos com secretário (de Saúde) Mauro Sparta e ele concordou — disse Ritter.
Desde março, o Ministério da Saúde orienta que Estados e municípios, ao receberem uma nova carga de vacinas, não guardem parte das remessas para as doses de reforço. Na interpretação da pasta, é uma forma de acelerar o processo de imunização no país. No entanto, houve atraso em relação ao Instituto Butantan, que ficou alguns dias sem matéria-prima para envasar novas doses da CoronaVac. No Rio Grande do Sul, por exemplo, 464,7 mil pessoas estão com a segunda dose da CoronaVac atrasada.
Segundo Ritter, a secretaria da Capital vai começar a analisar caso a caso, marca por marca de vacina, e decidir se destina toda uma nova remessa para primeira aplicação ou faz a divisão e garante a dose de reforço:
— Já tivemos experiência de fazer isso (não reservar segunda dose) e não foi positivo, tanto que temos todas essas pessoas aguardando a vacina do Butantan.
Armazenamento na UFRGS
Já que a vacina da Pfizer precisa ser conservada em temperaturas muito baixas, metade do lote que está em Porto Alegre ficará em um único ultrafreezer da UFRGS. De acordo com a instituição, o equipamento mantém a temperatura entre -60 C° e -80 C°. A universidade tem 15 desses equipamentos.
Cerca de 12 mil doses já foram distribuída entre unidades de saúde da Capital. De acordo com Ritter, elas ficam em câmeras frias, com temperaturas entre 2°C e 8°C, e serão aplicadas em até cinco dias. Mais 4 mil doses que fazem parte da primeira aplicação serão retiradas do ultrafreezer conforme a demanda.
— Assim que terminarem as doses que estão nos postos, pegamos mais e aplicamos — diz o coordenador da Vigilância em Saúde.
Outras 16 mil doses, reservadas para o reforço que completa o esquema vacinal, ficarão na UFRGS.