A receita para viver mais é relativamente simples: para cada 10 horas sentado, três minutos de exercícios físicos de moderados a intensos. Ou 30 minutos de corrida ou caminhada rápida por dia. Essa foi a fórmula encontrada por um grupo de pesquisadores que se debruçou sobre dados de seis estudos para entender o impacto das mais variadas atividades físicas na saúde.
Ao analisarem essas informações, eles concluíram que a receita para reduzir em 30% a chance de morte prematura é definida como “três para uma”, na qual se faz três minutos de exercícios de moderados a vigorosos para cada hora sentado, ou então 12 minutos de atividade leve para o mesmo período na cadeira.
— O objetivo principal não era avaliar o efeito de cada uma das atividades separadamente, mas, sim, o das diferentes combinações possíveis. Esse resultado reforça o que já é dito nas recomendações da Organização Mundial da Saúde: que todo adulto deve praticar pelo menos 30 minutos por dia de atividades físicas de intensidade moderada a vigorosa — destaca o coautor do estudo Pedro Hallal, professor do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
As conclusões foram obtidas depois que os pesquisadores, liderados por Sebastien Chastin, da Universidade Caledônia de Glasgow (CGU, na sigla em inglês), avaliaram a repercussão na saúde dos exercícios moderados a vigorosos, das atividades leves, e do comportamento sedentário. Conforme Chastin, essa receita proporciona um equilíbrio adequado e contribui para uma vida mais longa e saudável.
— No tempo restante, as pessoas devem se movimentar o máximo possível, além de ter um boa noite de sono. Este coquetel, ou fórmula simples, garante proteção à saúde das pessoas — assegurou o professor de dinâmica do comportamento em saúde da CGU.
Dessa forma, conclui o trabalho, a recomendação das autoridades em saúde para a prática de 30 minutos diários de exercícios de moderados a vigorosos pode reduzir as chances de morte precoce em até 80%. Essa vantagem, no entanto, só é observada em pessoas que passam menos de sete horas por dia sentadas. Em contrapartida, naquelas que permanecem na cadeira de 11 a 12 horas por dia, esse efeito positivo desaparece, mesmo seguindo a recomendação diária.
— Trinta minutos de atividade física por dia ou 150 minutos por semana é a recomendação, mas a pessoa pode perder todo o benefício potencial se passar muito tempo sentada. Queríamos descobrir qual era o coquetel perfeito de atividade física ao longo de um dia para a máxima saúde, em termos de tempo gasto sentado, fazendo exercícios, apenas se movendo e dormindo, e como tudo isso funciona em conjunto — completou Chastin.
Este é o maior estudo do tipo já realizado no mundo. O trabalho teve como base a análise de outras seis pesquisas anteriores, com dados de mais de 130 mil adultos de Reino Unido, Estados Unidos e Suécia.
Em época de pandemia, o tema cresce em relevância, especialmente pelas horas a fio gastas em frente ao computador. Segundo os autores, a inatividade é associada a diversas doenças crônicas, cerca de 5,3 milhões de mortes prematuras por ano no mundo e a um custo que ultrapassa os US$ 67,5 bilhões anuais aos sistemas de saúde mundiais.
— As atividades podem ser feitas em casa, no deslocamento para o trabalho, mas, especialmente, no tempo livre — sugere Hallal.