O Rio Grande do Sul apresenta 12 regiões em alerta, conforme o novo modelo de controle da pandemia, o 3As. Do total, oito (Cachoeira do Sul, Cruz Alta, Ijuí, Palmeira das Missões, Passo Fundo, Santo Ângelo, Santa Rosa e Uruguaiana) estão em alerta desde a última semana e apresentaram planos de ação ao governo estadual.
Em reunião que se estendeu até a noite de quinta-feira (27) entre representantes dessas oito regiões e o comitê de crise do Palácio Piratini, em linhas gerais, o governo do Estado pediu que as ações apresentadas por todas as regionais fossem mais objetivas, conforme Julcemar Bruni Zilli, coordenador do Comitê Técnico Regional da região de Passo Fundo.
— Para eles, algumas propostas ficaram subjetivas. Eles não estão descontentes com as ações, só querem que sejamos mais objetivos. Por exemplo: em vez de dizer que vai aumentar a testagem, especificar de quanto será esse aumento. Quem vai fazer, quem vai controlar — exemplificou Zilli.
Para isso, o Piratini se comprometeu a enviar ofício às regiões na sexta-feira (28) especificando o que precisa ser melhorado e ajustado em cada plano. No documento, disse Zilli, o Estado iria enviar junto um modelo de formulário a ser preenchido pelas regionais, a fim de padronizar a elaboração e avaliação dos planos.
Outras quatro regiões também estão em alerta, mas foram notificadas na última quarta-feira. São Caxias do Sul, Erechim, Pelotas e Santa Maria. Elas tinham prazo até sexta-feira para enviar os seus planos de ação.
Regiões
Após encontro de quinta-feira, as oito regiões covid deveriam se reunir com os prefeitos com o objetivo de detalhar mais os planos. O que já se sabe:
Palmeira das Missões
Segundo Jonathan Carvalho, representante da Associação dos Municípios da Zona da Produção (Amzop) no Comitê Regional da R15 e R20, nessa primeira reunião, foram apresentados detalhes de como os dados são avaliados e foi pedido que as áreas covid façam sugestões de como proceder com os encaminhamentos. Até o final da tarde de sexta-feira, a Amzop ainda não havia recebido os ofícios e por isso não houve reunião para debater as indicações do governo. No entanto, a associação informa que as medidas que já estão vigentes na região permanecem e que, a partir de segunda-feira (31), haverá reforço na fiscalização e em ações de conscientização.
Passo Fundo
Julcemar Bruni Zilli, coordenador do Comitê Técnico Regional da região de Passo Fundo, informou que os membros do comitê da regional iriam se reunir para debater os possíveis ajustes solicitados pelo governo. Mas, segundo ele, no início da semana o grupo já emitiu sugestões para o endurecimento dos protocolos aos 62 municípios da área.
— Foi uma sugestão. Fizemos o comunicado aos 62 prefeitos para que, caso achassem interessante, adotassem as medidas para reduzir a contaminação — comentou o coordenador.
Em Passo Fundo, por exemplo, decreto emitido nesta semana limitou o horário de funcionamento das atividades comerciais na tentativa de reduzir as aglomerações, especialmente sextas, sábados e domingos.
— Era muita gente de outras cidades curtindo a noite. Então, fizemos essa observação e o prefeito entendeu que precisava fazer o decreto que proíbe o funcionamento das atividades das 21h até as 6h — detalhou Zilli.
Cruz Alta
De acordo com João Schemmer, secretário-executivo da Associação dos Municípios do Alto Jacuí (Amaja), e Marcia Rossatto Fredi, coordenadora da R12, o governo do Estado ainda não havia enviado o e-mail com os apontamentos das deficiências dos planos.
— Fui muito duro em relação a dois questionamentos. Um é que os municípios podem, por meio do decreto, ser mais rígidos, não mais flexíveis. Mas os municípios decidiram pelo fechamento das escolas e o Estado entrou com uma ação civil pública contra o fechamento. O próprio Ministério Público, que exigia a tomada de decisões pelos municípios, agora vai contra essas questões, como toque de recolher, por exemplo — disse o secretário-executivo.
Segundo Marcia, a região espera o posicionamento do Piratini para organizar uma reunião entre os 13 municípios.
Uruguaiana
Ao ser contatada por GZH na manhã de sexta-feira, a Associação dos Municípios da Fronteira Oeste (Amfro) ainda não havia recebido o ofício, portanto, ainda não tinha nenhuma definição.
— Estamos aguardando. Não adianta responder algo que não nos questionam — argumentou Odoberto Bonorino, secretário-executivo da Amfro.
Cachoeira do Sul
Na reunião de quinta-feira, a região foi representada pela procuradora jurídica do município de Cachoeira do Sul, Juliana Cruz Flores. Segundo ela, o atual modelo dificultou o controle da pandemia, pois está sendo mais difícil fazer a população aderir às restrições propostas por decretos municipais em vez de normas estipuladas pelo Estado.
A região também esperava mais conselhos por parte da equipe técnica do governo com relação às medidas que estão sendo tomadas para combater o coronavírus naquela localidade. Na tarde de sexta-feira, quando foi consultada pela reportagem, a região ainda não havia recebido parecer do governo.
— Desde segunda feira temos normas ainda mais restritivas, o comércio funciona só por telentrega, as aulas estão suspensas, os serviços atendendo uma pessoa por vez. Isso tudo foi apresentado ao governo do Estado, mas, até o presente momento, não tivemos nenhum retorno pormenorizado vindo deles, com sugestões para a nossa região. Estamos agindo meio que por conta, em um cenário de incidência de novos casos que é pior que o de março— afirma Juliana.
Santo Ângelo
Entre as medidas que compõem o plano de ação da região estão o fechamento dos restaurantes às 22h, sendo que os clientes podem entrar no estabelecimento até as 21h. De acordo com a coordenadora do comitê científico da R11 — Santo Ângelo, Daniana Pompeo, a região também tem reforçado ações de fiscalização e conscientização, e determinou que as escolas revisem seus planos de combate à transmissão do coronavírus, incluindo pais e professores na construção desse plano, para maior adesão.
— Acho essas reuniões válidas pela troca de experiências entre as regiões. O entendimento do Estado foi de que o plano de ação de Santo Ângelo atende às necessidades do momento para que haja redução nos números da pandemia, mas sugeriram que continuemos a monitorar diariamente os indicadores e, caso não haja melhora, que adotemos medidas mais rígidas — afirma Daniana.
Região de Ijuí
De acordo com Rita Nicoletti, secretária da Associação dos Municípios do Planalto Médio (Amuplam), a Região Covid de Ijuí aguardava o retorno do governo do Estado para reunir o comitê responsável e decidir sobre novas medidas a serem tomadas.
Região de Santa Rosa
De acordo com Luís Antônio Benvegnu, médico e coordenador do comitê regional de Santa Rosa, o ofício foi recebido no final da tarde e não trouxe grandes surpresas. Foi sugerido ampliar as ações de comunicação de atenção para a saúde, aumentar testagem e monitoramento.
— O comitê estadual quer um plano detalhado com metas para a região. Já na nossa lógica, as metas devem ser estabelecidas por cada município. Por exemplo, cada cidade estipula a meta de pessoas a serem testadas por dia. Para acompanhar isso, estabelecemos que cada prefeito enviará ao comitê regional, nas segundas, terças e quartas-feiras, um relatório das ações de combate à pandemia — explica Benvegnu.
O documento também indicou a ampliação de restrições para algumas atividades, ponto que será debatido pelas lideranças da região em uma reunião na próxima terça-feira.
Novos Alertas
Outras quatro regiões também estão em alerta, mas foram notificadas na última quarta-feira (26). São Caxias do Sul, Erechim, Pelotas e Santa Maria. De acordo com o governo do Estado, todas enviaram seus planos de ação dentro do prazo, que era até essa sexta-feira.