Com chegada ao Aeroporto Internacional Salgado Filho aguardada para as 19h45min desta terça-feira (18), o terceiro lote de vacinas da Pfizer/BioNTech destinado ao Rio Grande do Sul ainda não tem distribuição e público-alvo definidos: se fica somente em Porto Alegre ou vai para outras cidades e que grupos beneficiará — gestantes, puérperas (período pós-parto de até 45 dias) ou pessoas com comorbidades.
Desta vez, a remessa terá 39.780 doses, que se somam às 101.790 enviadas anteriormente — a primeira remessa continha 32.760 doses, e a segunda, 69.030. Toda a primeira carga foi repassada para a cidade de Porto Alegre — o que ocorreu também nas demais capitais do país —, devido à necessidade de utilização de ultrafreezers para manutenção do conteúdo sob temperaturas de até -70°C.
A segunda remessa segue em poder do governo estadual, que ainda estuda como fazer a distribuição. Segundo a assessoria de comunicação da Secretaria Estadual da Saúde (SES), o motivo pelo qual a carga de mais de 69 mil unidades ainda não foi distribuída é que se trata de um lote pequeno e que se aguardava uma outra remessa para enviar tudo junto aos municípios. Com a chegada do carregamento na terça, todo o material estocado deve ser encaminhado junto ao novo lote às prefeituras.
Também conforme recomendação do Ministério da Saúde, a totalidade das cargas estava destinada para aplicação de primeira dose, ficando a segunda prevista para após o cumprimento de um intervalo de 12 semanas, prática que permite ampliar o alcance do início da imunização a uma parcela maior da população.
A ordem gera controvérsia, uma vez que o período padrão entre a primeira e a segunda doses, definido pelo fabricante e amparado pelos estudos clínicos, é de três semanas. O governo federal justifica que países como a Inglaterra também adotaram o espaçamento de 12 semanas para agilizar o processo de cobertura.
Em Porto Alegre, a decisão da administração municipal foi de cumprir à risca o prazo de 21 dias para aplicação da segunda dose — os vacinados com a primeira injeção de Pfizer começarão a retornar aos pontos de vacinação para a complementação a partir da semana que vem, segundo Fernando Ritter, diretor da Vigilância em Saúde. Ritter afirma que ainda é preciso discutir com o prefeito Sebastião Melo e com o secretário municipal da Saúde, Mauro Sparta, se esse prazo de três semanas será mantido, mesmo com orientação distinta por parte do ministério. Por enquanto, pouco mais de 16 mil doses do primeiro lote estão reservadas para a segunda dose de quem já recebeu a primeira.
— Em princípio, são 21 dias, que é o que está na bula. A gente acordou isso com as pessoas que foram fazer a vacina. Mudar no meio do caminho é ruim — diz Ritter.
A SES, acatando a definição do órgão superior, sustenta que o período entre as doses 1 e 2 deve ser de 12 semanas.
— Quanto mais fragmentada a vacinação, pior. A melhor coordenação de vacinação é a mais ampla — argumenta Cynthia Molina Bastos, diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs).
A SES ainda discute como proceder em relação a essa prática e a respeito de para onde mandar os imunizantes. Segundo Cynthia, há cidades do Interior que podem armazenar as vacinas nos ultrafreezers de universidades, mesma prática adotada na Capital. Há diferentes etapas de refrigeração, ressalta a diretora, com tempos de duração específicos para o tipo de armazenagem — em ultrafreezer, freezer ou geladeira comuns —, o que viabilizaria contemplar mais prefeituras. Nesta segunda-feira, a Agência Europeia de Medicamentos divulgou que a vacina da Pfizer/BioNTech pode ser mantida em temperatura de geladeira por até 31 dias em vez de apenas cinco.
O destino das 39.780 doses do terceiro repasse da vacina do laboratório americano e da empresa de biotecnologia alemã será determinado em uma reunião que costuma ocorrer entre Arita Bergmann, titular da SES, e secretários municipais logo após o recebimento dos lotes.