Diante da possibilidade do surgimento de uma nova variante do sars-cov-2 no Brasil e da interrupção de produção da vacina CoronaVac pelo Instituto Butantan, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, reafirmou o compromisso em buscar as 30 milhões de doses de vacina contra a covid-19 para abril no país e a crença de que o calendário de recebimento dos imunizantes será mantido. Em razão dessas variáveis, Queiroga não se compromete em quantificar a previsão para os outros meses.
Pouco antes de embarcar para o Rio Grande do Sul nesta quinta-feira (8), onde fará a primeira visita ao Estado desde o início da sua gestão, Queiroga concedeu entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha. Na Capital, ele visitará o Grupo Hospitalar Conceição e o Hospital de Clínicas.
— Eu estive com o embaixador chinês na segunda e ele me assegurou que não haveria problemas com relação ao fornecimento do IFA (insumo farmacêutico ativo aguardado pelo Butantan). Naturalmente, que existe uma carência de vacinas no mundo inteiro, não é um problema só do Brasil. Aliás, o Brasil, desde maio acertou um acordo de transferência de tecnologia com a AstraZeneca, e nós somos um dos poucos países que produz vacina. Vamos trabalhar muito forte para que o PNI (Programa Nacional de Imunização) cumpra com sua tradição. O Brasil é reconhecido internacionalmente por suas campanhas de vacinação.
O Instituto Butantan informou na quarta-feira (7) que interrompeu o envase de novas doses da CoronaVac diante do esgotamento do IFA, matéria-prima do imunizante importada da China. Essa etapa da produção tem previsão de retomada na próxima semana, com a chegada de uma nova remessa do ingrediente.
Sobre a possibilidade de o setor privado adquirir vacinas contra a covid-19 no Brasil, Queiroga diz que o ministério só deve cumprir o que o Congresso Nacional decidir por meio de lei.
— O foco do ministério é o PNI, Programa Nacional de Imunização. Nós nos comprometemos, no início da nossa gestão, com 1 milhão de brasileiros vacinados por dia. Já atingimos essa meta. Nosso objetivo é fazer com que toda a capacidade de vacinação do PNI seja atingida. Temos 37 mil salas de vacina. Com as vacinas disponíveis, temos condições de acelerar essa meta, ampliando o acesso dos brasileiros ao PNI. A iniciativa privada se juntando, acho que só tem a somar em ampliar a vacinação e beneficiar mais brasileiros.
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Nesta quarta-feira, A Câmara aprovou o projeto de lei que permite a compra de vacinas contra a covid-19 por empresas mesmo sem o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O texto-base já havia sido aprovado na noite de terça-feira (6), mas ainda faltava concluir a apreciação dos destaques — propostas de alteração que poderiam mudar o teor da proposta. Apenas três destaques foram votados, todos rejeitados. Assim, o parecer da relatora, deputada Celina Leão (PP-DF), foi mantido sem modificações. O projeto segue agora para votação no Senado.
Quanto à expectativa da chegada de novas vacinas, o ministro disse que além das 100 milhões de doses já adquiridas com a Pfizer e as 38 milhões assinadas com a Janssen, há uma "possibilidade concreta" de expansão das compras.
— Embaixador dos EUA tem nos ajudado bastante com isso (novas negociações com a Pfizer). A Pfizer é uma perspectiva concreta, já de 100 milhões de doses, com possibilidade de expansão. Só vou anunciar quando tivermos contratos já firmado com a empresa, mas a possibilidade é concreta — afirmou.