A Justiça de São Leopoldo, no Vale do Sinos, determinou que a fornecedora Cristália Produtos Químicos Farmacêuticos entregue ao Hospital Centenário 12 mil ampolas do sedativo midazolan 50mg/10ml. A instituição está com o estoque zerado do medicamento, que é usado em pacientes entubados em ventilação mecânica com covid-19.
Na decisão, a juíza de plantão Maira Grinblat deu o prazo de 12 horas, a contar da notificação, para a entrega do sedativo, sob pena de multa de R$ 50 mil por dia de atraso, além da possibilidade de busca e apreensão no endereço da empresa em Porto Alegre.
De acordo com o hospital, a empresa foi vencedora do pregão eletrônico para abastecer a farmácia do Hospital Centenário nos meses de fevereiro e março e deveria ter entregado um total de 14 mil ampolas, mas teria disponibilizado apenas 2 mil unidades. O hospital alega que já havia notificado a empresa, mas não obteve resposta e, assim, a alternativa foi o ajuizamento da ação.
A presidente da Fundação Hospital Centenário, Lilian Silva, declarou, via nota encaminhada pela assessoria de imprensa, que a situação é dramática: "O estoque desses medicamentos está no limite. Restam poucas unidades o que representa dois, três dias, no máximo. A compra foi realizada, mas não foi entregue, é justo e urgente essa decisão."
Ainda segundo ela, a falta dos medicamentos obrigaria o hospital "a usar alternativas de tratamento não tão confortáveis para o paciente em ventilação mecânica". Como medida de urgência devido ao baixo estoque de sedativos, o Centenário suspendeu temporariamente as cirurgias eletivas.
Um dos líderes do mercado, o laboratório Cristália foi requisitado administrativamente pelo Ministério da Saúde, na última quinta-feira (18), a entregar todo o estoque de sedativos devido ao baixo volume em hospitais em todo o Brasil. Procurada neste sábado por GZH, a fornecedora afirmou que iria avaliar a decisão judicial frente aos últimos acontecimentos e responderia na segunda-feira (22).