Com o agravamento da pandemia da covid-19, todas as regiões do Estado de São Paulo entrarão na fase vermelha, a mais restritiva do plano de flexibilização da quarentena, a partir da 0h de sábado (6). A decisão foi anunciada nesta quarta-feira (3) pelo governador João Doria, em coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes.
Segundo o portal G1, as restrições devem vigorar até o dia 19 de março.
A classificação veta a abertura de restaurantes, academias e de outros estabelecimentos comerciais considerados não essenciais — padarias, mercados e farmácias seguem funcionando. Já as escolas poderão continuar recebendo alunos, com o limite máximo de 35% da capacidade.
— Estamos, em São Paulo e no Brasil, à beira de um colapso. Isso exige medidas coletivas e urgentes — disse Doria.
Em discurso, o governador ressaltou ainda que, caso medidas não sejam tomadas, a tragédia pode ser "muito pior".
— Não podemos imaginar que isso faz parte da normalidade. Isso não é normal, isso não é usual, isso não é gripezinha, não é resfriadozinho, isto é um tragédia, e uma tragédia que pode ser ainda pior se não tomarmos medidas. Não podemos banalizar a morte — afirmou.
Segundo dados do governo estadual, São Paulo tem 2.054.867 casos e 60.014 óbitos por covid-19. Na terça-feira (2), foram confirmadas 468 mortes causadas pela doença, o maior registro feito no Estado desde o início da pandemia.
Divergência sobre as escolas abertas
Esta é a primeira vez, durante a pandemia, que São Paulo manterá as escolas abertas na fase vermelha, algo que teve como exemplo países europeus, como França, Reino Unido, Alemanha, Dinamarca e Suécia, além de Cingapura. O secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, teve de insistir internamente no governo para que o entendimento de deixar escolas abertas prevalecesse.
Nesta semana, com a piora da pandemia e a possibilidade de novas restrições, novamente o assunto se mostrou polêmico dentro da gestão Doria. O secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn, deu declarações em que defendeu o fechamento das escolas e não de outros serviços.
A entrevista causou mal-estar no governo, e a secretaria da Saúde teve, a pedido do Palácio dos Bandeirantes, de publicar uma nota dizendo que se tratava de uma opinião pessoal do secretário.
O Brasil é um dos países do mundo que mais ficou com escolas fechadas, passando de 260 dias. Outros, considerados exemplos da educação mundial, como Reino Unido e Alemanha, pararam escolas por menos de 90 dias.