Presidente da Famurs, entidade que representa as 497 prefeituras do Estado, o ex-prefeito de Taquari Maneco Hassen (PT) defendeu, nesta terça-feira (9), a articulação dos municípios em busca do avanço no processo da vacinação contra a covid-19. Na última sexta-feira (8), a entidade passou a integrar o Movimento Unidos pela Vacina, que prioriza levantamento de gargalos locais para destravar imunização nos Estados e nos municípios, como problemas de logística, transporte e armazenamento das ampolas, contribuindo com o Programa Nacional de Imunização (PNI).
Para Hassen, a avaliação é de que a vacinação, no país, ocorre "a passos de tartaruga". No RS, apenas 3,9% da população recebeu a dose inicial contra o coronavírus após 40 dias do início da imunização, segundo dados atualizados ao final de fevereiro.
— Com isso (número de doses disponibilizadas pelo governo federal), levaremos mais de três anos vacinando. É importante que a gente se una nesta sadia pressão para acelerar a vacinação, que está sob responsabilidade do governo federal, que não abriu mão dessa responsabilidade, e na nossa opinião não deve abrir, mas, para isso, tem que fornecer, precisa demonstrar intenção, boa vontade e competência. Do contrário, os Estados e os municípios estão se organizando — disse Hassen, em entrevista ao Gaúcha Atualidade.
Hassen não exclui, ainda, a possibilidade dos municípios adquirirem vacinas contra a covid-19. Segundo o presidente da Famurs, os municípios gaúchos estão se organizando, liderados pelo Consórcio dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Granpal), para tratar dessa possibilidade, em caso de descumprimento do PNI. O consórcio deve ser formalizado na semana que vem.
— Estamos nos preparando para isso, em face das nossas dúvidas e da nossa não confiança nos números apresentados pelo governo federal, na medida em que já estamos com quase 50 dias de vacinação e não chegamos a 4% da população. Todos os números apresentados pelo governo federal acabam não se confirmando — ressalta.
De acordo com decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), Estados e municípios podem comprar vacinas desde que a União não cumpra o plano de vacinação ou se o número de doses for insuficiente. O presidente Jair Bolsonaro vetou, no entanto, dispositivo de uma medida provisória aprovada no Congresso que previa a possibilidade de que a União fornecesse recursos a Estados e municípios para viabilizar a imunização da população em caso de omissão do governo federal.