A ocupação das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de Porto Alegre por doentes de coronavírus vem caindo desde o final de 2020. Já são cinco dias seguidos de redução. Nesta terça-feira (5), havia 285 pacientes recebendo tratamento intensivo contra a covid-19. É a menor quantidade desde 4 de dezembro, quando eram 280 pessoas internadas. Na comparação com o pico de internações por coronavírus na Capital, que ocorreu em 2 e 4 de setembro, com 347 doentes, a redução é de 17,86%.
Em relação à média móvel – que é o melhor cálculo para avaliar o comportamento da pandemia –, esta é a segunda semana seguida de redução. Entre 30 de dezembro e 5 de janeiro, ficou em 308,28 pacientes. Nos sete dias anteriores (23 a 29 de dezembro), a média de internações foi de 312,14. O resultado representa uma redução de 1,23%. Se a comparação for com a terça-feira passada (29), quando 312 pacientes estavam em UTIs com coronavírus em Porto Alegre, a queda chega a 8,65%.
A taxa geral de ocupação, que leva em conta outros motivos além do coronavírus, estava em 85,88% nesta terça. Eram 687 pacientes para 814 leitos, sendo que há outros 14 leitos bloqueados. Os hospitais Moinhos de Vento, Cristo Redentor, Mãe de Deus e Vila Nova estão com 100% dos leitos de UTI ocupados. Os hospitais referências no combate à covid-19 estão com as seguintes ocupações: Clínicas (77,78%), Conceição (93,33%) e Santa Casa (83,47%).
O infectologista André Luiz Machado da Silva, que trabalha no Hospital Conceição, acredita que essa redução da ocupação nos últimos 12 dias tenha relação com as festas de final de ano.
— Esse período entre Natal e Ano-Novo costumeiramente é um período em que muitas pessoas de deslocam para cidades do Interior, bem como para o Litoral. E isso pode ter refletido na diminuição da ocupação dos leitos de UTI por ter menos pessoas circulando na cidade de Porto Alegre — avalia o infectologista.
Para o médico, os próximos 10 dias serão fundamentais para conhecer os reflexos das festas:
— Aí a gente vai poder avaliar se, de fato, o que contribuiu para essa redução vista agora na ocupação dos leitos de UTI foram os feriados. Ou se é uma redução no número de casos associada ao comportamento da pandemia na nossa cidade.
Para Alexandre Zavascki, professor de Infectologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), trata-se de uma diminuição ainda pouca expressiva.
— Lembrando que esses pacientes vão saindo, uns de alta, mas muitos óbitos. E estão chegando outros, mostrando que a epidemia segue muito ativa. Precisamos aguardar para vermos qual será o impacto das festas de fim de ano sobre essa pequena diminuição de leitos ocupados — destaca Zavascki.
Na mesma linha segue o doutor em Epidemiologia e professor da UFRGS Paulo Petry.
— Nós vimos na passagem do Ano-Novo muitas e preocupantes aglomerações. E isso vai ter um reflexo daqui a algum tempo. Depois desses episódios, em uma semana surgem os novos casos de doentes. Em duas semanas, as internações. Em três semanas, as mortes — projeta Petry, lembrando que a ocupação de agora dificilmente inclui alguém que tenha se contaminado durante as festas de final de ano.