O Brasil registrou um aumento expressivo de mortes por covid-19 no final de 2020: de novembro para dezembro, a alta no total de óbitos foi de 64,92%, conforme dados do Ministério da Saúde. Enquanto novembro teve 13.236 vítimas fatais do coronavírus no país, em dezembro esse número foi de 21.829.
Essa é a primeira vez, desde julho, em que há um aumento no número de mortes de um mês para o outro. Ao final de novembro, o total de mortes por covid-19 no Brasil era de 173.165 pessoas. Até o dia 31 de dezembro, o país contou 194.949 vítimas fatais da doença
Uma situação que pode ter representado um impacto significativo no aumento do número de óbitos no Brasil em dezembro foram as eleições, conforme especialistas. Aglomerações, muito contato físico e pouco uso de máscara são vistos como grandes disseminadores em potencial do coronavírus. E, semanas após esses problemas, as comemorações do fim do ano também podem representar um cenário ainda pior em janeiro.
Para o epidemiologista da Fiocruz Diego Xavier, outro fator que ajuda a explicar esse forte aumento: a interiorização da doença. O especialista explica que, no início da epidemia no Brasil, houve uma demanda grande nas regiões metropolitanas, e só depois ela começou a se espalhar para o Interior, em um momento em que a incidência da covid-19 já apresentava sinais de estabilidade nas cidades maiores.
— Agora, a covid-19 está fortemente presente tanto nas regiões metropolitanas quanto nas cidades do Interior. E a epidemia está sincronizada, não começa mais nas metrópoles para depois ir para o interior. Um novo aumento dos casos pressionará a capacidade do atendimento à saúde das regiões metropolitanas, reduzindo também seus recursos para atender a pacientes vindos do Interior. Na maioria dos lugares, a assistência à saúde deverá ser incapaz de atender à demanda — afirma o pesquisador.
Segundo dados do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SivepGripe), no Interior, o total de mortos fora das UTIs é proporcionalmente maior do que nas regiões metropolitanas em quase todo o país, sendo a única exceção a Região Sul, o que indica que a desassistência aos doentes por covid-19 é mais significativa nas cidades menores.