O Instituto Butantan começará a partir da próxima sexta-feira (29) a liberar para o Ministério da Saúde 3,2 milhões de doses da CoronaVac, anunciou na manhã desta terça (26) em coletiva de imprensa o diretor da instituição, Dimas Covas. O envio será feito aos poucos, diariamente.
O quantitativo faz parte das 4,1 milhões de injeções aprovadas em um segundo pedido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e cuja distribuição será fracionada. Segundo o Butantan, as 3,2 milhões de doses estão sendo retidas porque aguardam a liberação após o controle de qualidade.
— A doses que estão prontas começaram a ser liberadas diariamente ao Ministério a partir desta sexta-feira — afirmou Covas.
Até agora, 900 mil doses desse carregamento de 4,1 milhões foram distribuídas pelo país, das quais 53 mil chegaram ao Rio Grande do Sul na segunda-feira (25).
Segundo o governo do Estado, a distribuição às cidades ainda não foi definida porque aguarda levantamento das coordenadorias regionais de saúde, que irão averiguar se algum município recebeu menos imunizantes do que o necessário para proteger seus profissionais da saúde. A distribuição deve ser definida até o fim da semana.
— Estamos fazendo esse levantamento via coordenadoria regional da saúde. Depois que tivermos o número de doses distribuídas para cada segmento da fase 1 em cada município, veremos se está tudo correto. Distribuímos para as coordenadorias, e elas distribuem para municípios, mas nem todos os grupos (prioritários) possuem um denominador (total consolidado de pessoas) para cada município. A gente tenta dar parâmetros, mas onde busco quais são os profissionais da saúde que trabalham em UTI covid, nos edifícios de cada município? Não temos em nenhum banco de dados. Se houve alguma distorção, a gente pode suprir essa carência agora. Queremos evitar que municípios se comparem e se sintam prejudicados — afirmou a GZH a chefe da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual da Saúde (SES), Tani Ranieri.
Na coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), trouxe o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming. O tucano repetiu que as negociações para a liberação do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) foram conduzidas pelo Butantan e pelo governo do Estado de São Paulo, e não pelo Palácio do Planalto.
Questionado sobre a alegação frente à carta do embaixador endereça ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, demonstrando o diálogo entre China e o governo federal, Doria reduziu o gesto a uma formalidade diplomática.
— O embaixador da China é um homem profundamente educado e cioso de sua condição diplomática. Ele respondeu a uma demanda feita por escrito ao Ministério da Saúde, mas todo o relacionamento cultivado com China e Sinovac foi conduzido pelo governo de São Paulo e pelo Butantan. Chegamos à vacina apesar de todas as manifestações do presidente e de seus filhos contra a vacina chinesa, ou como eles se referem, à “vachina”. Apesar dessas dificuldades, conseguimos trazer a vacina ao Brasil. Por isso colocamos aqui o embaixador da China pra participar da reunião com vocês. Até agora não recebemos nenhum centavo do Ministério da Saúde. Acreditamos que vão honrar, mas todo o investimento de maio do ano passado até agora foi suportado pelo governo de São Paulo e pelo Butantan — afirmou Doria.
O embaixador da China negou que o entrave para a liberação do IFA tenha ocorrido por questões políticas e alegou que as dificuldades eram técnicas.
— Em relação à autorização para a exportação de insumos para a vacina, acredito que todos sabíamos que isso se trata de uma questão técnica, e não política. As vacinas são uma arma para conter a pandemia e garantir a saúde do povo, não um instrumento político. A parte chinesa atribui muita importância às cooperações para o desenvolvimento da vacina — afirmou Wanming.