As Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de hospitais de Porto Alegre chegaram a 94% de ocupação nesta quarta-feira (9), segundo painel da prefeitura. As maiores instituições da capital gaúcha estão à beira da lotação máxima.
Dos 17 hospitais da cidade, 10 estão com ocupação de 90% ou mais: Clínicas, Conceição (GHC), São Lucas da PUCRS, Mãe de Deus, Cristo Redentor e Restinga. Estão totalmente lotados Moinhos de Vento, Ernesto Dornelles, Vila Nova e Independência. Na segunda-feira (7), eram oito hospitais à beira da lotação.
Dos 779 leitos críticos disponíveis na cidade, 41% são ocupados por pacientes com suspeita ou confirmação para coronavírus.
A média móvel de UTIs ocupadas diariamente em Porto Alegre na última semana segue crescendo. Nesta quarta-feira, era de 288 pessoas internadas diariamente, a maior média em 74 dias, desde o fim de setembro.
A média de ocupação ainda é 17% maior do que duas semanas atrás e 33% a mais do que no melhor momento da pandemia após o pico, em 6 de novembro.
Em meio ao cenário de alerta, o Hospital Divina Providência restringiu na terça-feira (8), por 72 horas, a emergência adulto e obstétrica e passou a atender apenas casos críticos. A emergência do Moinhos está com restrições há quase um mês, e o Hospital de Clínicas suspendeu na semana passada as cirurgias eletivas.
As mortes por coronavírus estão mais frequentes em Porto Alegre: a média móvel em sete dias, na terça passada (1º) foi de 11,29 óbitos, 64% maior do que na semana anterior.
O ritmo de novos casos da doença também está crescendo: em 1º de dezembro, a média móvel de casos em sete dias era de 668 novas infecções diárias, 29% mais do que a média móvel do mesmo dia da semana anterior.
— Estamos numa fase de aceleração do vírus. Percebemos um aumento de quadros de síndrome gripal e de novos casos de covid-19, que está repercutindo na ocupação de leitos de enfermaria e, em casos críticos, de Unidade de Terapia Intensiva — declarou o secretário da Saúde de Porto Alegre, Pablo Stürmer, à Rádio Gaúcha na segunda-feira (7).
Nossa capacidade instalada, aumentamos. Mas não temos como ter a capacidade instalada da primeira onda, porque a demanda na área não covid aumentou muito
ROSELAINE PINHEIRO DE OLIVEIRA
Chefe do Serviço de Medicina Intensiva Adulta do Hospital Moinhos de Vento
A expansão de novas vagas em UTIs está chegando ao limite, alertam autoridades e médicos. Abrir um leito crítico não envolve apenas colocar uma cama, mas contratar profissionais intensivos, que estão esgotados após meses na linha de frente ou em falta no mercado – inclusive em Porto Alegre, uma “ilha” de especialização em medicina intensiva no país, observa Roselaine Pinheiro de Oliveira, chefe do Serviço de Medicina Intensiva Adulta do Hospital Moinhos de Vento.
— Nossa capacidade instalada, aumentamos. Mas não temos como ter a capacidade instalada da primeira onda, porque a demanda na área não covid aumentou muito. Junto com a flexibilização do distanciamento social, os pacientes não covid começaram a precisar de atendimentos, cirurgias e transplantes que não poderiam mais esperar. São cirurgias que não podem mais ser transferidas — analisa a médica.