A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) pediu nesta quarta-feira (23) aos países que não exijam testes de covid-19 aos viajantes, insistindo que estes testes dão "uma falsa sensação de segurança".
- A Opas não recomenda depender de testes de laboratório para os viajantes - declarou a jornalistas Jarbas Barbosa, subdiretor da Opas, escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS). - São caros, difíceis de implementar e têm um impacto limitado no controle da propagação internacional do vírus - completou.
As autoridades de saúde desencorajam viagens não essenciais nesta temporada de férias para evitar um aumento nas infecções. Para Barbosa, muitas pessoas ainda decidem viajar por estarem mais tranquilas em função de testes com resultados negativos para covid-19.
- O teste é uma ferramenta importante para rastrear e combater a propagação do vírus, mas devemos ter cuidado para não nos dar uma falsa sensação de segurança - alertou.
O subdiretor da Opas explicou que uma pessoa pode ter um teste negativo, mas ser infectada e contagiosa para outras pessoas, porque pode levar dias até que um teste de diagnóstico detecte uma infecção por covid-19. Além disso, como os testes são realizados alguns dias antes da viagem, é possível que a pessoa esteja infectada antes da partida.
Barbosa destacou a decisão de alguns países da região de recorrer a "medidas mais de bom senso" para reavaliar continuamente suas recomendações de viagens.
- Esperamos que outros países façam o mesmo - enfatizou.
A Colômbia e a Costa Rica eliminaram nas últimas semanas a exigência de um teste diagnóstico negativo para viajantes que entram no país, seguindo as recomendações da Opas emitidas em outubro.
Questionado pela AFP, Sylvain Aldighieri, gerente de incidentes da Opas para covid-19, disse que entre as "medidas mais comuns" são impedir a entrada de viajantes de países com alta transmissão do vírus ou onde já existem restrições ao traslado devido a uma situação epidemiológica complicada. A Opas também recomenda monitorar os viajantes por 14 dias após a chegada, mas não considera que eles devam ser colocados em quarentena.
Aldighieri enfatizou que essas são recomendações da Opas baseadas no conhecimento científico, mas os países membros são soberanos ao decidir seus regulamentos.
A possibilidade de que uma possível vacina contra covid-19 seja um pré-requisito para viagens "ainda está em processo de discussão", disse ele, quando questionado sobre anúncios a esse respeito pelas companhias aéreas.
Por enquanto, de acordo com o Regulamento Sanitário Internacional (RSI), acordo juridicamente vinculativo firmado pelos mais de 190 países membros da OMS, o único documento de saúde exigido dos viajantes é o comprovante de vacinação contra febre amarela.