Após meses de redução e até suspensão nos procedimentos, o Hospital de Clínicas e a Santa Casa de Misericórdia projetam a normalização dos transplantes no Rio Grande do Sul ainda neste ano. No entanto, a expectativa das instituições – referências em cirurgias do tipo no Estado – está ligada ao aumento do número de doadores e à manutenção dos números da pandemia.
Na Santa Casa, onde as cirurgias não emergenciais ficaram suspensas por 48 dias no ápice da pandemia, os meses de setembro e outubro já apresentaram números positivos. Em outubro, inclusive, o total de pacientes transplantados foi maior do que o registrado em 2019.
Ainda de acordo com a instituição, o transplante de rim teve o aumento mais significativo. Foram 12 em julho e agosto e 27 somente em outubro.O diretor médico de ensino e pesquisa da Santa Casa, Antônio Kalil, afirma, no entanto, que outros procedimentos ainda estão em ritmo lento de retomada e devem melhorar nos próximos meses.
— Os transplantes de coração e pulmão estão em um ritmo mais lento de recuperação. Mas a nossa expectativa é de que esses números melhorem.Acredito que os transplantes devem voltar ao normal antes daquela rotina que tínhamos antes da pandemia — ressalta o diretor médico.
Em outubro, a Santa Casa realizou seis transplantes de pulmão e nenhum de coração. Já em 2019, foram três procedimentos pulmonares e um cardíaco.
No Hospital de Clínicas, a realização de procedimentos do tipo também já apresentou números positivos a partir de setembro. No mês passado, o transplante de fígado chegou a um aumento de 200% neste ano, na comparação com 2019. Já os procedimentos renais apresentam uma recuperação de 80% na comparação com antes da pandemia.
Mesmo assim, a instituição ainda não conseguiu alcançar o mesmo índice de operações. O professor e chefe do serviço de transplantes do Hospital de Clínicas, Roberto Manfro, acredita que os próximos meses serão de mais resultados positivos.
— No ano passado, foram 38 pacientes transplantados e, agora, 29. Os números estão crescendo e, se seguirmos assim, vamos ter uma melhora ainda maior, podendo até chegar aos patamares anteriores ao coronavírus — destacou Manfro.