Recém chegado de São Paulo, onde tratava sobre o processo de produção e distribuição da CoronaVac, a vacina chinesa contra a covid-19, o secretário municipal de Saúde de Porto Alegre, Pablo Stürmer, descreveu que o clima era de otimismo após o ministério da Saúde assinar um protocolo de intenções para a compra de 46 milhões de doses.
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade nesta quarta-feira (21), no entanto, ao falar sobre busca pela vacina para a Capital, o secretário foi pego de surpresa com a declaração do presidente Jair Bolsonaro de que a vacina "não será comprada" pelo governo federal.
— Tivemos agenda com Dória (governador de São Paulo), que nos atendeu. Pude conferir a estrutura existente que está sendo preparada (para produzir a vacina no país). E, ao mesmo tempo, sabendo que a vacina sendo para saúde pública deve envolver o Ministério da saúde, solicitei uma reunião com o secretário de Vigilância em Saúde, que foi solícito e consegui aproveitar o mesmo deslocamento. E a impressão que a gente tinha era de que o momento da ida foi muito certeiro, porque foi no momento em que havia esse anúncio da carta de intenção para aquisição dessas doses e a definição de que nenhum Estado teria vantagem sobre o outro — contou Stürmer.
— Eu estava aqui dedicado às questões da cidade e perdi essa informação (da declaração de Bolsonaro). Bom, então, regredimos a um estágio que foi exatamente aquele que planejamos na viagem — completou.
Os estudos com a CoronaVac vem sendo desenvolvidos no Brasil pela empresa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. A previsão é de que a vacinação da população comece já em janeiro de 2021. Antes disso, deverão ter o registro liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no caso de terem a eficácia e a segurança analisadas.
Em Porto Alegre, segundo o secretário, a estimativa de recebimento era de de 146 milhões de doses para o primeiro semestre de 2021, o equivalente a dois terços da população.
— Os resultados da eficácia vão definir se vale a pena fazer duas doses e garantir a proteção ou se é melhor duplicar o número de pessoas que recebam uma dose só. Isso está em definição, em novembro deve ter propostas.
O Instituto Butantan divulgou na segunda-feira (19), durante coletiva de imprensa realizada pelo governo do Estado de São Paulo, que apenas 35% dos voluntários dos testes da vacina chinesa contra o coronavírus tiveram reações adversas após a aplicação. Não houve qualquer registro de efeito colateral grave durante a testagem.
A pesquisa engloba, ao todo, 13 mil voluntários, incluindo profissionais da saúde selecionados pelo Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do RS (PUCRS). O Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE UFPel), por meio do seu Centro de Pesquisas Clínicas, também foi incluído como centro de testagem do estudo clínico randomizado da vacina. A UFPel reforçou, nesta terça-feira, o chamado para que voluntários da área da saúde da região se apresentem para os testes.