O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, declarou nesta quarta-feira (28) que a demora na liberação para importação de insumos pode impactar na produção nacional da CoronaVac, vacina desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac em parceria com a instituição e em fase de testes. Segundo ele, a solicitação aguarda aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) há mais de um mês, desde 23 de setembro.
— Desde quando nós iniciamos todo esse processo da vacina, obviamente que cada dia conta. E a nossa previsão era para iniciar a produção da vacina na segunda quinzena de outubro — destacou Covas em coletiva de imprensa sobre medidas estaduais no combate à pandemia da covid-19, realizada no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. — Esse atraso na emissão dessa autorização pode ter, sim, efeito na produção da vacina. Cada dia que nós aguardamos essa autorização significa um dia a menos de vacina — completou.
Segundo ele, a solicitação entrou na terça-feira (27) no circuito deliberativo da agência, e o resultado deve sair até 5 de novembro.
— Esperamos que essa decisão seja tomada o mais rapidamente possível pela Anvisa, que diversas vezes manifestou a sua independência e o seu apoio ao desenvolvimento de vacinas. O Butantan está pronto para começar a produzir — afirmou.
Covas ainda informou que o Butantan também aguarda autorização das autoridades chinesas para exportar nos próximos dias 6 milhões de doses já prontas da CoronaVac, que serão acondicionadas até a comprovação da eficácia e o início da vacinação.
Também na coletiva, o governador João Doria (PSDB) voltou a declarar que defende uma campanha nacional de imunização, mas disse que, se isso não ocorrer, o Butantan pode disponibilizar o imunizante a outros Estados que tiverem interesse. Além disso, afirmou que São Paulo poderá bancar as demais doses para atingir o número de 100 milhões mesmo sem verba do Ministério da Saúde.
— Infelizmente, se houver uma negativa por ações de ordem política ou ideológica, São Paulo, mediante a aprovação da Anvisa, comprará a vacina, distribuirá a vacina e disponibilizará para todos os governos estaduais que desejarem adquirir a CoronaVac para a imunização da sua população — disse.
Ele também fez críticas a posições de aliados do presidente Jair Bolsonaro em relação à vacinação.
— Acreditamos que a birra política não pode vencer o bom senso e a insensatez não pode vencer a esperança — declarou.
Procurada pelo Estadão, a Anvisa não se manifestou sobre o tema até o momento.