Vinte a quatro dias após cruzar a faixa de 3 mil mortes causadas pelo coronavírus, o Rio Grande do Sul ultrapassou neste sábado (12) outra trágica marca da pandemia. O Estado confirmou o óbito de número 4 mil, alcançado com a confirmação de 43 novas vítimas registradas nas últimas 24 horas.
No total, o Estado chega a 4.039 vítimas fatais e 156.264 infectados pelo vírus desde o início da pandemia, em março. São 143.158 recuperados e 9.067 pacientes em acompanhamento.
Houve, desta vez, um espaçamento maior em relação a cada milhar de mortes. Desde o primeiro óbito, em 24 de março, até o milésimo, correram 108 dias. Depois, foram 21 dias até chegar à vítima de número 2 mil e outros 19 dias para a marca de 3 mil, cuja notificação ocorreu em 19 de agosto.
— Ainda não podemos dizer as mortes estão desacelerando, até porque tivemos o feriadão de 7 de setembro, que represou os registros de óbitos. Por outro lado, há uma redução na ocupação de leitos e no ritmo de novos contágios, o que nos deixa um pouco mais otimistas — afirma Luciano Goldani, infectologista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
O Estado apresenta um desempenho melhor do que as médias brasileiras. No Rio Grande do Sul, o índice de mortalidade está em 35,5 para cada 100 mil habitantes, enquanto no país chega a 62. A incidência da doença para cada 100 mil habitantes é de 1.373,5 entre os gaúchos, enquanto a média nacional passa de 2.037,7 para cada 100 mil.
De acordo com Goldani, os números menos severos no Rio Grande do Sul podem ser atribuídos ao distanciamento social precoce, que adiou o avanço do coronavírus. Enquanto os Estados do Norte e Nordeste, o Rio de Janeiro e São Paulo tiveram seus picos de contágio ainda no primeiro semestre, no Estado a pandemia parece ter atingido o platô apenas em agosto.
— Este atraso nos possibilitou ampliar a rede de saúde e nos deu tempo para pegarmos mais experiência e estudos sobre o atendimento a pacientes em situação grave — afirma o infectologista, citando a prescrição de corticoides e o uso da ventilação protetiva, que têm se mostrado eficientes para tratar pacientes hospitalizados.
Perfil das mortes
Conforme dados compilados pela Secretaria Estadual da Saúde até sexta-feira (11), o grupo etário mais vulnerável à covid-19 é acima de 80 anos. Quase 30% dos mortos no Rio Grande do Sul estão nessa faixa. Em seguida vem o grupo entre 70 e 79 anos (26,9% das mortes) e de 60 a 69 anos (22,9%). Todos os demais correspondem a 21% das vítimas.
As cidades com mais mortes até o momento são Porto Alegre (839), Canoas (222), Passo Fundo (143), Novo Hamburgo (141), Viamão (136), São Leopoldo (127) e Caxias do Sul (115).
O Rio Grande do Sul apresentou leve queda nos novos casos de covid-19 nos últimos sete dias encerrados na sexta (11), mas as notificações de mortes voltaram a subir. Os registros de óbitos provocados pelo coronavírus a cada 24 horas no Rio Grande do Sul subiram 6,4% nos últimos sete dias em relação ao período anterior.
Levantamento de GZH com números da SES também mostra que a média de novos casos registrados caiu 4,7% nos últimos sete dias em relação à semana anterior.