O Rio Grande voltou a apresentar, pelo segundo dia seguido, quedas expressivas nas médias móveis de novas infecções e mortes por coronavírus. Conforme apuração de GZH com dados da Secretaria Estadual da Saúde (SES), nos últimos sete dias (de 19 a 25 de setembro), o ritmo de novos casos caiu 26,2% em relação ao período anterior (de 12 a 18 de setembro). As mortes também recuaram na comparação dos períodos, em 19,9%. Na quinta-feira (24), os indicadores já haviam mostrado queda nas infecções (-16,9%) e mortes (-18,3%).
— Os dados confirmam uma tendência que temos visto nas últimas duas semanas, com redução nos casos e nas hospitalizações — avalia o chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Eduardo Sprinz. — Isso pode indicar que o vírus segue circulando no Estado, mas em menor intensidade.
A média móvel de novos casos caiu pelo quinto dia seguido nesta sexta-feira (25). Nos últimos sete dias, foram registradas, em média, 1.895 novas infecções no Rio Grande do Sul. No período de sete dias anteriores, o índice estava em 2.569.
Os dados divulgados nesta sexta-feira pela SES também mostram que a média móvel de óbitos caiu ou ficou estável pelo sexto dia seguido. O índice fechou em 36,7 nos últimos sete dias, ante 45,8 no período anterior.
— O Estado vinha de um persistente platô, que atingiu seu pico em julho e permaneceu até início de setembro. As novas informações mostram que há uma tendência de estarmos saindo desse platô — analisa Ronaldo Hallal, médico infectologista e consultor da Sociedade Riograndense de Infectologia.
A desaceleração ocorre em meio à reabertura de escolas e de novas flexibilizações do comércio, o que, em tese, poderia estender o platô por ainda mais tempo. Esse aparente paradoxo, avalia Hallal, pode ter a ver com o perfil das novas infecções:
— As pessoas mais suscetíveis podem já ter contraído o coronavírus durante a aceleração da pandemia, e os novos infectados seriam pessoas mais jovens, geralmente assintomáticas ou menos suscetíveis a complicações. Isso traz um impacto nas estatísticas, pois são menos óbitos e menos testes realizados.
Ambos infectologistas concordam que é cedo para o Estado abdicar de medidas de distanciamento e prevenção — o risco é que haja uma segunda onda precoce ou que o atual patamar, ainda elevado, se mantenha por muito tempo.
— É fundamental que se continue evitando aglomerações, se mantenha o uso de máscara e que haja preferência por atividades em ambientes externos. Apenas assim poderemos continuar reduzindo os números — defende Sprinz.
Como é calculada a média móvel
Os dados calculados por GZH com base nos boletins diários da Secretaria Estadual da Saúde representam a média de novos casos e mortes nos últimos sete dias.
A chamada média móvel é uma variável recomendada por especialistas para analisar o andamento da pandemia de forma mais precisa. Em vez de comparar apenas um dia da epidemia com outro, analisa-se um período mais amplo com o imediatamente anterior. O método reduz distorções causadas por atrasos em notificações em fim de semana, quando menos testes são processados por laboratórios.