O contrato do governo federal com a farmacêutica AstraZeneca não sofrerá alteração, de acordo com o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco Filho. Ele afirmou ainda que um acordo de "encomenda tecnológica" já foi assinado.
A notícia da suspensão dos testes da vacina para o coronavírus desenvolvida pela empresa, em parceria com a universidade de Oxford, porém, foi recebida no Palácio do Planalto como "um balde de água fria", nas palavras de um auxiliar do presidente Jair Bolsonaro.
O Brasil tem acordo com a farmacêutica que garante acesso a 100 milhões de doses — 30 milhões seriam entregues entre dezembro e janeiro e 70 milhões, ao longo dos dois primeiros trimestres de 2021.
— O contrato da Fiocruz e AstraZeneca não sofrerá qualquer alteração. Além do memorando de entendimento, o acordo de encomenda tecnológica já foi assinado eletronicamente pela AstraZeneca e pelo Brasil, pela Fiocruz — disse Franco.
O ministério disse que não sabe quanto o cronograma para desenvolver a vacina será afetado e destacou ser natural a reação adversa reportada.
"O risco da compra adiantada de uma vacina é inerente a conjuntura, não apenas para o Brasil, mas para qualquer país. Vários países estão investindo na promessa de uma vacina segura, de forma adiantada sob pena de não ter acesso à imunização quando essa for comprovada. Portanto, é um risco medido e necessário sobre o aspecto clínico e tecnológico", afirmou a pasta.
Mais cedo, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, adotou tom semelhante.
— Vamos aguardar, né? Vacina é isso aí, pô. Toda questão de pesquisa e desenvolvimento de alguma coisa avança e, às vezes, sofre alguns recuos — disse.
Franco ainda reforçou que embora haja alta expectativa de oferecer a vacina, "não podemos perder de vista a segurança do processo e segurança da população a ser imunizada". Ele também afirmou que o Brasil acompanha o desenvolvimento de outras vacinas, via Instituto Butantã (que participa dos testes da Coronavac, chinesa) e pelo Instituto de Tecnologia do Paraná (que pretende fazer testes da vacina russa, Sputnik V).