Os relógios inteligentes agora já podem servir como instrumento para medir a pressão arterial e verificar batimentos cardíacos no Brasil, incluindo gerar eletrocardiograma. Duas gigantes do setor de tecnologia, a Apple e a Samsung, foram as primeiras empresas a conseguir autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para instalar as funcionalidades em seus smartwatches.
Nos dois casos, a Anvisa aprovou aplicativos desenvolvidos por cada empresa para instalação nos relógios inteligentes, o Apple Watch e o Samsung Galaxy Watch 3. Esses relógios permitem a instalação de diversos softwares que monitoram a saúde dos usuários e podem detectar sintomas de doenças, como a fibrilação atrial um tipo de arritmia comum, marcada pelos batimentos irregulares e rápidos dos átrios.
O aval mais recente foi à Samsung, que obteve autorização para seus aplicativos nos dias 3 e 17 de agosto. Apple havia obtido autorização semelhante do governo em maio, quando a agência aprovou dois aplicativos da norte-americana, para medição de frequência cardíaca.
Um deles acompanha a frequência de pulso e notifica o usuário sobre ritmos irregulares e mais rápidos, indicando possível palpitação no coração. Outro gera um eletrocardiograma similar ao tradicional a partir dos batimentos do coração. Ambos foram disponibilizados para instalação a partir de atualizações do sistema operacional do relógio da Apple, em julho.
No caso da fabricante sul-coreana, o aplicativo de aferir pressão arterial usa sinais captados por um sensor óptico na parte traseira do relógio. Ele mede o pulso de forma não invasiva e, conforme a Anvisa, determina a pressão sistólica e diastólica e taxa de pulso. Os resultados são apresentados em gráficos e valores. Já o de eletrocardiograma permite que se meçam sinais cardíacos similares aos de exames hospitalares e pode detectar a fibrilação atrial.
A Anvisa classificou os aplicativos das duas empresas como dispositivos médicos de médio risco, mas alertou que a finalidade é apenas informativa, não sendo destinados a uso clínico. Eles não substituem consultas médicas, tampouco são capazes de diagnosticar hipertensão, problemas cardíacos e sinais de um ataque cardíaco. A agência recomenda que os resultados exibidos nos relógios sejam revisados por médicos antes de qualquer alteração no uso de medicamentos.
A Anvisa listou uma série de situações em que não recomenda o uso, como durante atividades físicas, procedimentos médicos e próximo a campos eletromagnéticos (aparelhos de raio-X e detectores de metais, por exemplo).
Os aplicativos também não são indicados para menores de 22 anos e, em alguns casos, grávidas e pessoas com algumas condições de saúde prévias, como diabetes, arritmia, insuficiência cardíaca, doença vascular, circulação comprometida, uso de marcapasso, entre outros. Todas as recomendações podem ser consultadas no site da Anvisa.