A vacina chinesa CoronaVac, fabricada pela Sinovac e que está sendo testada no Brasil em estudo liderado pelo Instituto Butantan, inclusive em Porto Alegre, teve uso emergencial aprovado em julho no país asiático. A liberação é parte de um programa nacional para vacinar grupos de alto risco, como médicos, disse uma pessoa familiarizada com a situação, que não quis ter seu nome divulgado, à agência Reuters. As informações são do G1.
A China National Biotec Group (CNBG), unidade da gigante farmacêutica estatal China National Pharmaceutical Group (Sinopharm), disse que obteve aprovação para uso emergencial de uma outra candidata a vacina contra o coronavírus em publicação na plataforma de mídia social WeChat, no domingo (23).
A China tem administrado vacinas experimentais contra o coronavírus em pessoas que pertencem a grupos de alto risco desde julho e uma autoridade de saúde disse à mídia estatal, em entrevista que foi ao ar na semana passada, que as autoridades podem considerar expandir modestamente o programa de uso emergencial para tentar evitar surtos durante o inverno e o outono do Hemisfério Norte.
Oficialmente, a China divulgou poucos detalhes sobre quais candidatas a vacinas foram aplicadas a pessoas de alto risco sob o programa de uso emergencial e quantas pessoas foram vacinadas.
A mídia estatal informou em junho, antes do programa emergencial, que funcionários de empresas estatais que viajam para o Exterior tiveram permissão para tomar uma das duas vacinas desenvolvidas pelo CNBG, ao mesmo tempo que as Forças Armadas chinesas também aprovaram o uso da candidata a vacina da CanSino Biologics.
Sete potenciais vacinas contra o coronavírus estão em estágio avançado de testes ao redor do mundo, e quatro delas são chinesas.
Mas até agora nenhuma vacina passou por essa fase de testes, que busca provar que ela é segura e eficaz — condição normalmente exigida para obter aprovação dos órgãos reguladores para aplicação em massa. A covid-19 já matou mais de 800 mil pessoas em todo o mundo.
No Brasil
Na capital gaúcha, o medicamento está sendo testado no Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (HSL-PUCRS). Segunda-feira (24), voluntários receberam a segunda dose do fármaco para combater a covid-19.
Coordenada pelo Instituto Butantan, de São Paulo, a pesquisa conta com a participação de 852 voluntários em Porto Alegre — todos profissionais de saúde que estão trabalhando no atendimento a pacientes com coronavírus. A etapa de teste, com a administração de duas doses — que podem ser de placebo ou do imunizante — em cada participante deve ser concluída em 60 dias.
O Hospital São Lucas é um dos 12 centros de estudos do Brasil, sendo o único do Rio Grande do Sul que aplicará o insumo e documentará os resultados junto ao Instituto Butantan. Das 9 mil pessoas que participarão da testagem no Brasil, metade receberá a vacina. A outra metade ganhará placebo — substância sem efeito algum.
No Paraná, há um acordo entre a Sinopharm e o governo para que uma candidata a vacina da farmacêutica chinesa seja testada no Brasil. O governo do Estado, inclusive, divulgou na quinta-feira (27) que a imunização deve começar a ser testada no estado em 45 dias, com cerca de 10 mil voluntários.