O presidente do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), Jorge Callado, afirmou em coletiva de imprensa que foi firmado nesta quarta-feira (12) um memorando de entendimento com a Rússia sobre a vacina desenvolvida naquele país contra o coronavírus. O acordo é tratado como um primeiro passo para uma possível produção da vacina russa contra a covid-19 no Brasil. De acordo com Callado, está sendo organizada uma força-tarefa que deve, a partir de segunda-feira (17), iniciar as tratativas técnicas com estudiosos russos responsáveis por liderar os estudos do imunizante.
— Neste momento, como foi um memorando de entendimento, as demais situações serão regidas por documentos futuros. Na tarde de hoje não tivemos informações sobre questões de segurança, porque a força-tarefa que está sendo formatada terá essa incumbência, juntamente com o grupo de pesquisadores da Rússia em fazer o intercâmbio dessas informações — disse.
A Rússia anunciou, na terça-feira (11), o registro da primeira vacina contra a covid-19 no mundo — o que foi visto com desconfiança por cientistas, uma vez que Moscou não publicou estudos sobre o progresso das pesquisas. Callado lembrou que o memorando não gera compromisso e que o momento é de reunir informações sobre a vacina e realizar debates.
— Existem informações de que a vacina da Rússia passou pela fase 1 e 2, nós precisamos dessas comprovações para prosseguirmos. Quanto mais alternativas que o país venha a ter de imunização, melhor — defendeu, acrescentando a necessidade de obedecer às etapas e não correr contra o tempo, por questão de segurança.
O próximo passo, de acordo com ele, é justamente angariar a documentação que comprove os estudos feitos na Rússia.
— Nós necessitamos, tal qual a OMS, de informações de realização da fase 1, da fase 2 e do status em que se encontra a fase 3. O mundo todo está numa corrida tecnológica científica para isso e, obviamente, as publicações podem ter um pouco de atraso. Mas nós temos que aguardar essas informações. Caso não sejam disponibilizadas, não temos como construir protocolo. Nós esperamos que essas informações nos sejam fornecidas — completou.
Com os dados em mãos, um protocolo será elaborado e submetido à Comissão Nacional de Ética e Pesquisa e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
— Ainda não foi remetido nada à Anvisa porque está tudo muito inicial. Dentro de 30, 40 dias, a nossa intenção é submeter esse protocolo aos órgãos regulatórios para iniciar os testes — detalhou.
De acordo com o presidente da Tecpar, a produção da vacina deve ocorrer, a princípio, no segundo semestre de 2021. Além disso, não haverá investimento do governo do Estado.
— Os investimentos deverão ser feitos pelos parceiros internacionais, e vamos também buscar apoio do governo federal — disse.
Ele também comentou sobre a necessidade de transferência de tecnologia, a qual classificou como "fundamental".
— Diria que é uma condicional para tanto — reforçou.
Questionado sobre a falta de pessoal no instituto e o déficit orçamentário, Callado afirmou que uma saída é suprir a demanda com quadros técnicos das universidades. Além disso, a questão da produção também pode ser terceirizada, "como acontece com outros laboratórios no Brasil", acrescentou.