Caso avance a proposta de flexibilizar a abertura do comércio e dos serviços não essenciais em Porto Alegre, as infecções por coronavírus, hoje em 9.220, podem chegar a 37.005 em outubro. A projeção é do doutor em matemática Álvaro Krüger Ramos, professor do Departamento de Matemática Pura e Aplicada da Universidade Federal do RS (UFRGS).
Analisando dados de isolamento social e do avanço da covid-19 em diferentes momentos desde o início da pandemia, o pesquisador simulou quatro cenários para a Capital. No mais otimista, mantidas as atuais medidas de restrição e elevando-se a média de isolamento social para o índice de abril (de 52,9%), a cidade chegaria a 14,2 mil casos em 1º de setembro e 17,9 mil em 1º de outubro.
No cenário mais pessimista, com o comércio e os serviços funcionando normalmente durante duas semanas e fechando na terceira, como sugeriu o prefeito Nelson Marchezan no início desta semana, Porto Alegre chegaria em setembro com 20,5 mil infecções e em outubro com 37 mil — um acréscimo de 300% sobre o atual número.
Esta projeção tomou como ponto de partida a média de isolamento dos porto-alegrenses em junho (46,3%) e cruzou com dados do período pré-pandemia, com as lojas funcionando normalmente. São nestes moldes que entidades que representam comércio, serviços e gastronomia têm pressionado a prefeitura a reabrir as atividades econômicas.
— As simulações mostram um cenário assustador para o contágio quando projetamos a queda do isolamento social aos mesmos níveis de quando o comércio esteve em funcionamento —analisa Ramos.
A pesquisa também projetou o avanço do coronavírus mantidas as regras e a circulação de pessoas em março, após a pandemia chegar à cidade, e junho, no período em que o comércio esteve fechado. Em ambos casos, a doença avançaria, mas em ritmo mais moderado do que diante da reabertura.
Com as atuais restrições e o isolamento social de junho (dado mais recente usado pelo pesquisador), a cidade chegaria a setembro com 17,2 mil infecções e a outubro com 24,5 mil doentes.