São basicamente dois sentimentos que levarão mais de 40 mil torcedores ao Beira-Rio nesta quarta-feira (4). Um é se despedir de um time que deu a volta por cima no ano e manteve, até domingo passado, uma mínima chance de ser campeão brasileiro, renovando a esperança para a próxima temporada. O outro é impedir que o Botafogo seja campeão dentro da casa colorada. A partir das 21h30min, o Inter faz seu último jogo em Porto Alegre, válido pela 37ª rodada do Brasileirão.
Todos os ingressos de áreas livres e cadeiras locadas estão esgotados. Restam apenas no setor Coração do Gigante.
O Beira-Rio foi um dos grandes aliados na temporada. A equipe teve 73% de aproveitamento na Padre Cacique. Especificamente com Roger, sobe para 79%. Desde a mudança de técnico, está invicto em casa.
E "casa" teve significado diferente em 2024. Por conta da enchente, o Inter teve de ser mandante em quatro estádios de três Estados diferentes. Tentou criar versões do Beira-Rio na paulista Arena Barueri, no gaúcho e caxiense Alfredo Jaconi e nos catarinenses Heriberto Hülse e Orlando Scarpelli. Mas para ver como faz diferença, teve, nesses lugares, o mesmo número de derrotas do que nas 25 partidas que disputou em Porto Alegre. Somou menos da metade dos pontos disputados.
Beira-Rio foi essencial na campanha colorada
A reação colorada teve muito a ver com isso. Tendo o Beira-Rio de volta, alcançou, até agora, mais de 72% de aproveitamento no segundo turno do Brasileirão. Se ganhar o jogo desta quarta-feira, garante a melhor campanha da metade final, no máximo podendo ser igualado pelo Palmeiras.
Os torcedores atestam essa campanha. A derrota para o Flamengo não abalou o otimismo dos colorados, mesmo com o fim das esperanças de título em 2024. A colorada Nathalia Montagner, gestora comercial, aponta:
— É um sentimento de superação e volta por cima, no clube, que em um dia estava salvando gente na enchente e no outro jogando bola para trazer alegria a essas mesmas pessoas. Não podemos esquecer que tivemos impactos financeiros, de gestão, planejamento, de um plano que não deu certo. Mas o time foi resiliente e, apesar de tudo, teve bom desempenho. Com o retorno de D'Alessandro, a garra e o espírito de vitória voltaram. Com Paulo Paixão e Roger Machado, o time se encontrou. Agora é lapidar, tentar manter as peças, e seguir mais engajado e motivado do que nunca, para fazer um 2025 de sucesso.
A visão é compartilhada pela também colorada Bibiana Ribeiro:
— Sentimento de orgulho em saber tudo que enfrentamos e passamos ao longo desse ano maluco. O Inter mostrou sua grandeza. E deixou clara sua força para lutar por um campeonato, com as peças certas dentro do campo e, principalmente, no vestiário.
Disputa de título no Beira-Rio
Além da despedida de casa e suas sensações, existe um outro objetivo na noite. Impedir o título do Botafogo no Beira-Rio importa a essa altura do ano. Para isso, as contas são simples.
Se ganhar dos cariocas, o Inter já consegue atingi-lo. Mais, pode até deixar o atual campeão da América na segunda posição do Brasileirão a uma rodada do fim. Para isso, basta o Palmeiras vencer o Cruzeiro.
Se der empate no Beira-Rio, o Botafogo será campeão caso o Palmeiras perca em Minas Gerais. E se o Botafogo vencer, aí só uma vitória dos paulistas impede a conquista matemática em Porto Alegre.
— Ver o Botafogo campeão seria uma frustração por si só, ainda mais pela esperança que mantivemos até a antepenúltima rodada — finaliza Nathalia.
Vale melhor colocação no Brasileirão
Para o time (e para o clube), tem ainda uma terceira razão. A duas rodadas do fim, o Brasileirão pode significar de segundo a sexto colocado.
— Nosso desejo é o de colocar o clube na posição mais alta possível no campeonato — resumiu Roger Machado.
E, com base no ano passado, há quase R$ 10 milhões de diferença entre essas posições. O dinheiro também fala na despedida do Beira-Rio.