A Rússia anunciou a conclusão da primeira fase de testes em humanos de uma vacina contra a covid-19. Segundo o Ministério da Defesa russo, os 38 voluntários envolvidos na primeira fase de provas tiveram resposta imunológica com a vacina. Caso os testes continuem tendo bons resultados, a produção para imunização pode começar em setembro.
Ainda serão necessárias outras duas rodadas de testes, previstas para 28 de julho e 14 e 15 de agosto. Não foram publicados estudos ou artigos científicos sobre o atual status da pesquisa. Em nota, o Ministério disse que "a eficiência e a especificidade da resposta imunológica serão avaliadas" após a entrega dos resultados da análise.
Em entrevista à agência de notícias russa Sputinik, o diretor do Instituto de Parasitologia Médica, Tropical e Doenças Transmitidas por Vetores da Universidade Sechenov, em Moscou, Alexander Lukashev, afirmou que o objetivo dos primeiros testes era avaliar a segurança da vacina, o que foi feito com sucesso.
Os testes com a vacina começaram em 18 de junho, quando o primeiro grupo, de 18 voluntários, recebeu a imunização em sua forma liofilizada (a liofilização é uma espécie de desidratação da vacina, que estabiliza a molécula). Em 23 de junho, outras 20 pessoas receberam a mesma dose.
À agência russa Ria Novosti, o diretor do Instituto Gamaleya de Pesquisa Científica de Epidemiologia, Alexander Gintsburg, explicou que a segunda dose será necessária porque a experiência com a vacina contra o ebola mostrou que o nível de proteção contra a infecção será de até sete meses, se restringir a uma dose única. A segunda dose é importante, reforça ele, para imunizar por dois anos ou mais. Gintsburg destacou que os resultados da segunda vacinação levarão em conta o nível de anticorpos, inclusive os protetores, que são formados no sangue. A segunda fase deve confirmar a eficiência da vacina.
Prazos
O diretor do instituto de pesquisa disse ter esperança de que a vacina seja registrada antes de 4 de agosto. Se os resultados continuarem se mostrando satisfatórios a partir de agosto, as empresas poderão começar a produzir a vacina em setembro.
Conforme o diretor do Instituto de Medicina Translacional e Biotecnologia da Universidade Sechenov, Vadim Tarasov, os participantes da primeira fase ficaram em isolamento desde que receberam a vacina. Alguns deles tiveram febre e dor de cabeça, mas os sintomas desapareceram em menos de 24 horas. O primeiro grupo será liberado na próxima quarta (15). O segundo, em 20 de julho.
Ainda de acordo com a agência de notícias Sputnik, os voluntários passarão por nova bateria de exames no hospital no 42º dia após receberem a primeira dose. Eles serão monitorados pelos próximos seis meses.
A versão líquida da mesma vacina está sendo testada em outros 38 voluntários em um hospital militar de Moscou. Segundo a Universidade Sechenov, a Rússia está trabalhando em 17 vacinas contra a covid-19, das quais até quatro devem entrar em produção.
Outros estudos
Das atuais 19 vacinas experimentais contra covid-19 que estão em teste no mundo, apenas duas estão em finalização da fase 3 (testes em humanos), a da chinesa Sinopharm e a da AstraZeneca e da Universidade de Oxford, com parte dos testes realizados no Brasil. No final deste mês, a chinesa Sinovac Biotech deve se tornar a terceira a ingressar na fase 3, e também será testada no Brasil — as inscrições dos voluntários iniciaram nesta segunda (13).