Com a nova atualização do distanciamento social controlado, divulgada nesta sexta-feira (17) pelo governo do Rio Grande do Sul, 18 das 20 regiões estão sob bandeira vermelha, o que representa 90% do território gaúcho em alerta crítico para contaminação do coronavírus.
Somente Bagé e Pelotas estão sob bandeira laranja. Nove regiões apresentaram piora nos indicadores com relação à semana anterior. Cruz Alta, Erechim, Lajeado, Ijuí, Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Santa Rosa, Santo Ângelo e Uruguaiana saíram da bandeira laranja para a vermelha, juntando-se a Porto Alegre, Canoas, Cachoeira do Sul, Capão da Canoa, Caxias do Sul, Novo Hamburgo, Palmeira das Missões, Passo Fundo e Taquara, que já estavam com risco alto.
O mapa definitivo será divulgado na segunda-feira à tarde, após julgamento pelo gabinete de crise de eventuais pedidos de reconsideração dos prefeitos. Os municípios têm até as 6h de domingo para apresentarem recurso para o governo do Estado.
Assim como em semanas anteriores, a nova classificação divide opiniões de prefeitos gaúchos, entre os que concordam e os que divergem das imposições.
O prefeito de Cruz Alta, Vilson Roberto dos Santos, afirmou que o Executivo irá recorrer da decisão.
— Os nossos dados do município estão melhores do que os da semana passada. Então a gente vai encaminhar o recurso por conta disso. São dados melhores em quase todos os pontos principais, como internação e óbito.
Flavio Cassina, prefeito de Caxias do Sul, que permanece pela quarta semana consecutiva na bandeira vermelha, afirma que também irá recorrer — a administração municipal afirmou que, até o momento, conseguiu obter decisão favorável e reverter a bandeira duas vezes.
— Paralelamente, existe um movimento de prefeitos, deputados, empreendedores, empresários, entidades de classe, tanto de empregadores quanto de trabalhadores, visando com esse trabalho modificar os dispositivos do protocolo do Rio Grande do Sul. É um trabalho que será concluído dentro dos próximos dias e esperamos conseguir esse intento porque a situação está ficando totalmente insustentável.
O prefeito de Erechim, Luiz Francisco Schmidt, adianta que o município recorrerá da bandeira vermelha para a região.
— Tivemos redução de internações. E temos, em quatro meses, 14 óbitos na região, sendo quatro em Erechim. Fizemos no último final de semana o Programa Testa Erechim e revelamos ao Estado possivelmente os números mais verdadeiros que o Estado dispõe hoje. Análise socioeconômica, faixa etária, sexo, local de contágio e análise calcada na densidade demográfica. Pelos números, acreditamos na reversão.
O prefeito de Uruguaiana, Ronnie Mello, também adianta que vai recorrer.
— Pelos dados do Estado, entraremos na bandeira vermelha a partir de terça-feira. Porém, iremos imediatamente analisar nossos dados com a equipe técnica, e ingressaremos com o devido recurso tanto em nome do município, como através da AMFRO (Associação dos Municípios da Fronteira Oeste), solicitando reconsideração.
A frente do Executivo de Lajeado, Marcelo Caumo, afirma que a situação está sob controle no município.
— Estamos analisando os dados para entender por que da classificação como bandeira vermelha, porque os indicadores do hospital, tanto em número de leitos quanto de internações por covid, estão sob controle e seguem na estabilidade que a gente vinha trabalhando nas semanas anteriores. Então vamos apresentar o recurso, com certeza. Não tivemos o retorno também sobre o nosso requerimento de que, para fins de definição das bandeiras, os pacientes de fora das macrorregiões não computassem, o que entendemos que é muito injusto.
Prefeito de Ijuí, Valdir Heck afirmou que recebeu a notícia com surpresa, mas que irá entrar com recurso.
— Para a gente foi uma surpresa. Nós iremos nos reunir para avaliar quais foram os indicadores que deixamos de atender, porque os infectados são um número bastante reduzido nesta última semana. A questão dos hospitais, nós temos leitos ocupados por conta de outras patologias. Então iremos sim entrar com recurso.
Nesta sexta-feira, o prefeito de Capão da Canoa disse que participou de uma videoconferência com o secretário de Articulação e Apoio aos Municípios, Agostinho Meirelles, para tratar sobre o modelo de distanciamento controlado, as bandeiras e os protocolos adotados em função da pandemia da covid-19. Amauri Magnus Germano pretende oficializar para a secretaria a solicitação de uma maior abertura no setor do comércio varejista e, em contrapartida, uma maior restrição em outros setores que hoje estão autorizados a funcionar. O assunto será debatido com as entidades do comércio local e com a Associação dos Municípios do Litoral Norte. O prefeito adianta que vai recorrer do mapa preliminar.
Nas redes sociais, a prefeitura de Santa Maria afirmou que está trabalhando na avaliação dos dados locais, conforme os critérios do RS, e irá apresentar recurso, "considerando que há indícios de que foram considerados pacientes oriundos de outras regiões do Estado".
O Executivo municipal também pediu aos moradores que fiquem em casa. "Sabemos que o fim de semana promete ser de calor, mas estamos vivendo um momento delicado da pandemia em nosso Estado. Precisamos da conscientização de toda a população para mudarmos a bandeira novamente", diz a nota.
Já o prefeito de Palmeira das Missões, Eduardo Freire, diz que já esperava a decisão desta semana e que irá analisar um possível recurso.
— Mas tivemos melhoras significativas nos números da região ao contrário do resto do Estado. Vamos atualizar os dados para avaliar a apresentação de recurso.
Conforme o prefeito de Passo Fundo, Luciano Azevedo, a prefeitura adotou o procedimento, seguido todas as semanas, de examinar a bandeira na sexta-feira e, durante o sábado, analisar os números do município para, então, tomar a decisão.
— Nós já tivemos recursos nossos aceitos e tivemos recursos não aceitos. Então vamos fazer a mesma coisa essa semana.
A prefeitura de Novo Hamburgo afirmou que seguirá as determinações do sistema de distanciamento controlado estabelecido pelo governo do Estado e que não irá recorrer.
Em nota, a prefeitura de Porto Alegre afirma que "todas as medidas para conter o avanço na demanda por leitos de UTI são importantes. Esperamos que a população entenda que apenas o isolamento social é eficiente para conter a transmissão do coronavírus". Mais cedo, Marchezan afirmou que a cidade está a caminho de um lockdown.
A prefeitura de Canoas afirmou que acompanha "diariamente os índices de infecção, que demonstram um declínio na aceleração dos casos de contágio". "Nesse momento, nossa maior preocupação é com os possíveis impactos do esgotamento de leitos em Porto Alegre, que poderão exigir disponibilidade de nossa estrutura. Seguimos, dia a dia, trabalhando para conter o vírus e preservar a vida dos canoenses", disse em nota.
GaúchaZH entrou em contato com a prefeitura de Taquara e aguarda posição. A reportagem não conseguiu contato com a administração de Santa Cruz, Santa Rosa, Santo Ângelo e Cachoeira do Sul.