O ritmo de crescimento nas internações por covid-19 em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de Porto Alegre diminuiu ao longo dos últimos sete dias.
Os 306 pacientes internados até as 14h desta segunda-feira (27) representavam 8,9% a mais do que havia uma semana antes. No período anterior, o aumento de hospitalizações havia ficado em 24,9%.
A segunda-feira também trouxe a primeira queda na quantidade de doentes atendidos em UTIs da Capital em 16 dias — na véspera, havia 316 pessoas internadas. O recuo anterior mais recente foi registrado em 11 de julho, quando as vagas em uso oscilaram de 209 para 202. Desde então, só haviam aumentado ou mantido o mesmo patamar da véspera.
Como a demanda de doentes graves pode variar bastante em questão de horas nos hospitais, e ainda há poucos dias com queda ou estabilidade nas hospitalizações, não é possível falar em tendência de queda ou mesmo estabilidade até o momento.
— Não sabemos com certeza qual a base populacional que demanda as UTIs de Porto Alegre. A abertura de novos leitos em cidades próximas pode reduzir um pouco a procura pelos hospitais da Capital, por exemplo. Também pode ser um reflexo do fato que o número de altas tende a ser maior no começo da semana, já que nos finais de semana há menos profissionais atuando (para encaminhar a liberação dos pacientes) — analisa o gerente de Risco do Hospital de Clínicas, Ricardo Kuchenbecker.
Kuchenbecker sustenta que é preciso aguardar mais antes de tirar conclusões:
— Ainda é pouco tempo de observação para estabelecer alguma nova tendência.
Os números das últimas semanas sugerem, pelo menos, um crescimento menos acelerado. Quando se analisa a média móvel das internações (com o objetivo de reduzir o impacto de uma eventual alteração brusca e pontual nas datas analisadas), a curva é de um avanço mais lento.
Ao longo dos últimos sete dias, até a tarde de segunda, o número médio de internações foi de 297,3 ao dia, contra 258 no período prévio — um acréscimo de 15,4%. Uma semana atrás, pelo mesmo critério de média móvel, o salto na demanda de vagas por pacientes graves havia sido de 27,3% em Porto Alegre.
Doutor em Epidemiologia e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Paulo Petry lembra que, apesar de eventuais oscilações, a Capital ainda está com números muito elevados de ocupação nas UTIs.
— Mesmo caindo um pouco as internações por covid em um dia, a taxa de ocupação geral ainda é próxima de 90%. Seguimos trabalhando com sobrecarga nos hospitais. Não é colapso, mas já existe dificuldade de regulação dos leitos disponíveis. Para não falar na sobrecarga emocional e de trabalho dos profissionais de saúde — observa Petry.
Por volta das 14h da segunda-feira, o índice geral de ocupação das UTIs estava em 88,7% na Capital, com 788 leitos operacionais e 17 bloqueados.