O governador de São Paulo João Doria anunciou, nesta quarta-feira (1º), que foram definidos os 12 centros que serão responsáveis pelos testes da CoronaVac — vacina contra o coronavírus. Entre as instituições está o Hospital São Lucas da PUCRS.
Na casa de saúde, serão realizados os testes da fase 3, em humanos. A imunização foi desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac Biotech, com sede em Pequim, e é uma das mais promissoras em todo o mundo, segundo o Executivo paulista.
— Quero ressaltar que o acordo com a Sinovac prevê explicitamente a transferência de tecnologia para a produção em escala industrial da vacina contra o coronavírus em São Paulo pelo (Instituto) Butantan. E assegurar também que a vacina será distribuída gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde) em São Paulo e em todo o país. A capacidade de produção do Butantan é de 100 milhões de unidades da vacina — disse Doria.
Segundo o governo de SP, os testes serão realizados em nove mil voluntários em centros de pesquisas de seis Estados brasileiros: São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.
A pesquisa clínica será coordenada pelo Instituto Butantan, um dos maiores centros de pesquisa, desenvolvimento e produção de imunobiológicos do mundo.
Diretor-geral do São Lucas, Leandro Firme comemorou a escolha da instituição:
— É uma grande honra ter a possibilidade de fazer parte de um movimento histórico, junto a outros hospitais e centros de pesquisa de referência no Brasil e no mundo, na busca da vacina efetiva e segura contra a covid-19 — disse.
O líder do projeto e chefe de serviço de Infectologia do Hospital, Fabiano Ramos, ressalta que os pesquisadores do HSL estão preparados para conduzir os estudos junto à população do Rio Grande do Sul.
— Estamos otimistas e não vamos medir esforços para alcançarmos os resultados necessários — afirmou Ramos.
Segundo a PUCRS, o Centro de Pesquisa Clínica do HSL integra mais de 30 investigadores dedicados a descobertas de novos medicamentos. O centro é especializado na condução de rigorosos testes, chamados de ensaios clínicos, utilizados para validar a eficácia e segurança de novos fármacos, medicamentos, vacinas e testes diagnósticos antes que cheguem ao mercado. Atualmente, são mais de 200 estudos em andamento. O Hospital ainda aguarda os desdobramentos e orientações do Instituto Butantan para realização das testagens da vacina.
Além do Hospital São Lucas, as pesquisas serão realizadas também na Universidade de Brasília (UnB), Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos da Universidade Federal de Minas Gerais e Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná.
Na cidade de São Paulo, os testes serão conduzidos pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Instituto de Infectologia Emílio Ribas e Hospital Israelita Albert Einstein. Também serão envolvidos, no Estado de São Paulo, a Universidade Municipal de São Caetano do Sul, Hospital das Clínicas da Unicamp em Campinas, Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto e o Centro de Saúde Escola da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto.
A vacina contra o coronavírus desenvolvida pela Sinovac é uma das mais promissoras do mundo, porque "utiliza tecnologia já conhecida e amplamente aplicada em outras vacinas", afirmou o governo de SP em nota.
"Por isso, o Instituto Butantan avalia que sua incorporação ao sistema de saúde deva ocorrer mais facilmente. O laboratório com sede em Pequim já realizou testes do produto em cerca de mil voluntários na China, nas fases 1 e 2. Antes, o modelo experimental aplicado em macacos apresentou resultados expressivos em termos de resposta imune contra as proteínas do vírus", complementa o texto.
Agora, a farmacêutica fornecerá ao Butantan as doses da vacina para a realização de testes clínicos de fase 3 em voluntários no Brasil, com o objetivo de demonstrar sua eficácia e segurança.
Caso a vacina seja aprovada, a Sinovac e o Butantan vão firmar acordo de transferência de tecnologia para produção em escala industrial tanto na China como no Brasil para fornecimento gratuito ao SUS, segundo o governo de São Paulo. Os passos seguintes serão o registro do produto pela Anvisa e fornecimento da vacina em todo o Brasil.
— A união da experiência do Butantan na produção de imunobiológicos aos esforços da Sinovac permitirá que logo o país tenha uma vacina efetiva e segura contra a covid-19, protegendo as pessoas e salvando milhares de vidas — disse o diretor do Instituto Butantan e integrante do Centro de Contingência do coronavírus do Estado, Dimas Tadeu Covas.