Primeira voluntária brasileira a receber a vacina contra a covid-19 desenvolvida ela Universidade de Oxford, Denise Abranches afirmou nesta quinta-feira (2) ao Gaúcha+ que não sentiu qualquer medo ao tomar a decisão de participar da pesquisa. Ressaltou, ainda, que se candidatou por conta do seu desejo de ajudar as pessoas.
— Não somente por ser profissional de saúde, que lido com saliva, com cavidade bucal, bem como outros colegas, mas sobretudo pelo desejo de poder ajudar as pessoas e estar dentro dos critérios de inclusão da pesquisa — afirmou. — Em momento algum tive medo porque, além de ser meu dever poder ajudar neste momento, a pesquisa tem como critério o profissional de saúde para o risco de contaminação. Acredito e confio no estudo, nos pesquisadores e, sobretudo, nessa possibilidade de ter uma vacina real, segura e que todos tenham acesso.
A cirurgiã-dentista, que cuida da saúde bucal de pacientes internados na UTI do Hospital São Paulo, na capital paulista, afirmou que não sabe se está no grupo de controle — em que voluntários recebem uma espécie de placebo, neste caso um imunizante contra a meningite — ou se efetivamente recebeu a injeção contra o coronavírus.
— Não se sabe de fato se fomos vacinados — afirmou. — Como é randomizado o estudo, eu não sei a qual grupo eu pertenço.
Ouça, abaixo, a entrevista na íntegra:
Os testes em profissionais da saúde começaram em 23 de junho. Ao menos 5 mil trabalhadores da categoria devem participar da pesquisa nos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro. Na capital paulista, o Hospital São Paulo é o responsável pela análise do perfil das pessoas aptas a receber o teste da vacina.
De acordo com a profissional de saúde, no momento em que você é escolhido para participar do teste, as visitas para avaliação médica e laboratorial são marcadas. O teste tem duração de um ano.
— Nós temos as visitas marcadas desde que recebemos a vacina em tempos de 28, 90 dias, 180 dias, sempre com visitas, avaliação médica e avaliação laboratorial — disse. — Como eu fui a número um, tomei a vacina no dia 23 de junho, daqui a 28 dias eu retorno e lá são realizados os exames, bem como o protocolo da pesquisa.
Contudo, Denise ressaltou que não são todos que estão aptos a serem efetivamente voluntários. De acordo com ela, houve um longo processo de triagem antes de começarem a imunizar os profissionais de saúde.
— A gente tem um termo de consentimento quando a gente vai participar da pesquisa. No dia da triagem inicial, por cerca de 30, 40 minutos você fica discutindo e o médico passando todas as informações, e você é avaliado para ser apto ou não a participar da pesquisa. Não é somente sorologia, existem outros aspectos que são considerados para o participante se tornar um voluntário de fato — contou.
Ao programa da Rádio Gaúcha, a profissional de saúde afirmou que, independentemente de estar participando dos testes para a vacina da covid-19, segue mantendo as devidas precauções para evitar a proliferação do vírus enquanto trabalha.
— É a minha segurança máxima que me deixa ficar tantos meses exposta ao coronavírus, tanto como meus colegas ficaram, e estar negativa (para o vírus). É igual, mesma rotina. O padrão é o mesmo e a mesma exposição na qual me mantenho antes da vacina — explicou.