As possíveis mudanças no sistema de distanciamento controlado, com mais autonomia aos prefeitos, levam os gestores municipais a cogitarem propostas diferentes das atuais. O presidente da Associação dos Municípios do Planalto (Ampla), Marcos Antônio Oro, por exemplo, cogita uma proposta que coloca todo o RS sob as restrições da bandeira laranja.
Para Oro, que também é prefeito de David Canabarro, essa seria uma forma de colocar sob a responsabilidade dos gestores municipais as medidas mais rígidas de restrição.
— Pensamos ser interessante alterar esse modelo, adotando uma bandeira única para todo o Estado. Seriam protocolos de bandeira laranja, para que os municípios possam adotar protocolos mais rígidos em relação à sua realidade. Como acontece em Alegrete, onde o prefeito decretou lockdown de um fim de semana. O nosso entendimento é de que o vírus se prolifera muito mais onde as populações fazem aglomerações clandestinas, como jogos, festas, e não necessariamente no comércio. As lojas, que atuam com todo tipo de cuidados, não é ali onde se prolifera o vírus — declarou Oro em entrevista ao programa Estúdio Gaúcha.
A associação se reuniu na tarde desta quarta-feira para definir as propostas que serão levadas ao governo do Estado. Oro comenta que a cidade de referência do Planalto, Passo Fundo, atende pacientes de todo o RS, além do oeste de Santa Catarina. Assim, os protocolos de combate ao coronavírus dizem respeito à ocupação de leitos e à carga do sistema de saúde amplificada por pacientes de outros locais.
— (Precisamos) alterar a forma de regulação dos leitos hospitalares. Passo Fundo é o grande polo da região, que está recebendo leitos de outras regionais, o que altera. O pedido é para que a região de Passo Fundo possa atender os seus pacientes. A nossa região está preparada para atender a população de 62 municípios, que tem 24 hospitais. Passo Fundo, como sendo nossa referência, está preparada para atender a nossa população — declara.
— O Estado a gente entende que deve olhar como um todo. Mas como a nossa região está sendo penalizada com protocolos de bandeira vermelha nesse momento, muito é em função de que a gente está atendendo pacientes da Fronteira, da região da Serra. — complementa.
Para Oro, o observatório regional do avanço do coronavírus, que tem a participação das secretarias municipais e de técnicos da Universidade de Passo Fundo, é a melhor fonte de dados para elaborar as medidas de combate à pandemia.
Fiscalização deve ser papel do Estado, defende presidente
Outro ponto levantado por Oro é o da fiscalização. Garantir que as normas estabelecidas estão sendo cumpridas é papel do Estado, segundo ele, já que os municípios não têm capacidade para cumprir a função sozinhos. Conforme o presidente, esse foi um dos pedidos das associações gaúchas.
— Esse poder a gente não tem. Quando acontecem as aglomerações, as festas clandestinas, a nossa vigilância sanitária não tem esse poder. Ela não vai ser (recebida) amistosamente por essas pessoas que geralmente estão bebendo ou fazendo sua festa. Realmente precisamos da atuação da Brigada Militar.
— Esse é um compromisso que a gente quer assumir junto com o Estado, ser auxiliar do Estado no cumprimento dessas determinações também — finaliza.