As internações por coronavírus em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de Porto Alegre reforçaram uma tendência de desaceleração nesta terça-feira (28).
Os 303 pacientes hospitalizados em estado grave até as 16h representam 7,8% a mais do que havia uma semana antes, mas o ritmo de avanço vem perdendo fôlego. A cifra atual representa menos da metade do percentual de crescimento verificado na semana anterior, quando havia subido 18%.
Outros dois indicadores sugerem uma pressão mais moderada da covid-19 sobre os hospitais da Capital no momento, embora especialistas ainda evitem falar em tendência de estabilização: o número de doentes internados recuou pelo segundo dia consecutivo — algo semelhante não ocorria desde o início de junho —, e a média móvel dos últimos sete dias também indica um crescimento menos veloz.
No domingo, havia 316 pessoas em UTIs com covid-19, número que caiu para 306 no começo da semana e, nesta terça, para 303. Apenas o Hospital de Clínicas ainda não havia atualizado suas informações diárias no painel digital da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) até o horário de apuração. O site da instituição informava 87 pacientes com diagnóstico confirmado de covid-19 às 7h54min desta terça, em comparação com os 89 informados na véspera e que permaneciam como o dado mais recente no painel oficial das UTIs da cidade.
Quando se analisa a média de internados nos últimos sete dias, a fim de reduzir o impacto de uma variação brusca ou pontual, o número fica em 300 pacientes. Isso é 13% a mais do que o verificado uma semana antes. Mas o crescimento ocorrido na terça da semana passada (21) em relação aos sete dias anteriores havia sido de 25,4%. Ou seja, por esse critério, a velocidade de avanço também se reduziu praticamente à metade.
São notícias positivas, mas que abrangem um período ainda muito curto para permitir análises definitivas.
— Ainda é prematuro tirar qualquer conclusão. Pode ser um indício de estabilização, mas o que vai dizer se é esse mesmo o caminho ou se estamos com uma saturação nos leitos de UTI e, por isso, estamos estabilizando, são os próximos dias — afirma o secretário municipal da Saúde, Pablo Stürmer.
Chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas, Eduardo Sprinz avalia que, no momento, é possível dizer que a situação ao menos “parou de piorar”:
— Como medidas mais restritivas podem levar até três semanas para fazer efeito, era esperado que nesse período pudesse haver uma estabilização. Eu diria que, por enquanto, parou de piorar. Em mais uma ou duas semanas, poderemos ver se haverá uma tendência de queda.
Medidas mais rigorosas de isolamento social passaram a vigorar em Porto Alegre a partir de 7 de julho. Como resultado das oscilações no número de pacientes internados nesta semana, a projeção da SMS de quando poderá se atingir o teto máximo previsto de 383 leitos para covid-19 foi adiada de 1º para 17 de agosto. Mesmo levando-se em conta a margem de erro, isso não deve ocorrer antes de 6 de agosto.
— Se ficarmos cerca de uma semana ao redor de 300 pacientes, poderemos falar que chegamos a um platô — avalia o secretário-adjunto da Saúde da Capital, Natan Katz.