Três regiões com municípios metropolitanos constituídas pelo governo estadual para implantar o sistema de bandeiras do distanciamento controlado vêm apresentando crescimento nas internações por covid-19 e de outras doenças nas UTIs.
Somadas, as zonas de Porto Alegre, Novo Hamburgo e Canoas, que abrangem cidades vizinhas, viram aumentar em 25% a quantidade de hospitalizações de pacientes com diagnóstico de coronavírus em uma semana. Eram 84 e chegaram a 105 nesta quarta-feira (17). Esse crescimento, aliado ao avanço de outras patologias, ampliaram a ocupação geral dos leitos nas três áreas analisadas nesse mesmo período.
A situação mais complicada, de acordo os dados disponíveis até as 14h, era a da região de Novo Hamburgo (que inclui outros 14 municípios como São Leopoldo, Sapiranga e Campo Bom). Estavam em uso 94,8% das 77 vagas disponíveis para tratamento intensivo — das quais 12 acomodavam doentes da covid-19 com diagnóstico confirmado.
— Estamos chegando naquele momento em que sempre alertamos: aumento considerável de casos. As pessoas precisam entender que é fundamental evitar atividades sociais. Nosso principal problema tem sido as aglomerações em bares nos bairros, reuniões e festas domiciliares com grande número de pessoas — alerta o secretário municipal de Saúde de Novo Hamburgo, Naasom Luciano, por meio da assessoria de comunicação da prefeitura.
A cidade informava 100% de lotação nas UTIs à tarde. Entre as ações tomadas para evitar um agravamento ainda maior, a administração municipal determinou o fechamento de serviços não-essenciais entre 20h e 6h. Novo Hamburgo tenta ainda ampliar a quantidade de vagas covid e não-covid. São Leopoldo já havia restringido o funcionamento de estabelecimentos comerciais de médio e grande porte.
Outros locais também apresentaram tendência de piora na capacidade de atendimento ao longo dos últimos sete dias. Na zona canoense (18 cidades, incluindo Esteio e Sapucaia), a ocupação hospitalar nos setores de alta complexidade subiu de 76% para 83,5%. Na região da Capital, que engloba 25 prefeituras como Alvorada, Cachoeirinha e Viamão), a subida foi de 73,4% para 75,9%.
Capital bate oito recordes de internação em 11 dias
O município de Porto Alegre bateu um novo recorde de internações por coronavírus nas UTIs da cidade nesta quarta, quando o número de pacientes com a doença chegou a 81 – algo que se transformou em rotina nas últimas duas semanas.
Em apenas 11 dias, foi a oitava vez que o teto anterior de hospitalizações por covid foi superado na Capital, em uma demonstração de crescimento sustentado ao longo deste período. Apenas nos sete dias anteriores, o crescimento foi de 20,8%.
Somados aos 27 casos suspeitos, os doentes com teste positivo ou aguardando resultado ocupavam 17,6% dos leitos operacionais e representavam 21,5% de todos os doentes sob tratamento intensivo.
— Começamos a verificar uma tendência de aumento no começo de junho. Nos reunimos periodicamente com os diretores dos hospitais para discutir esse assunto. Já foram reduzidos alguns procedimentos eletivos — afirmou o secretário-adjunto da saúde da Capital, Natan Katz, em entrevista concedida na segunda-feira (15).
Hospitais de referência como o Conceição estão tentando ampliar o número de leitos, embora esbarrem em dificuldades para conseguir contratar pessoal habilitado e ambiente adequado para unidades de covid (que exigem espaços individualizados para reduzir risco de contágio).
— Pretendemos abrir inicialmente seis leitos não-covid e depois mais 10 vagas no Cristo Redentor como retaguarda para dar conta do aumento na demana. Nesta quarta-feira, pela manhã tivemos 90% de lotação nos leitos covid e 95% nos não-covid — afirma o diretor-técnico do Grupo Hospitalar Conceição, Francisco Paz.