Nos 18 maiores municípios do Rio Grande do Sul, 1.570 profissionais de saúde ligados a prefeituras e aos dois maiores hospitais públicos de Porto Alegre estão afastados do trabalho por razões relacionadas ao coronavírus. Desses, pelo menos 151 tiveram diagnóstico confirmado de covid-19, o que equivalente a 9,6%. O número de afastados é cerca de 15% menor do que o último levantamento realizado por GaúchaZH, entre os dias 13 e 14 de maio, quando somavam 1.854.
Enquanto algumas prefeituras informam uma dezena de afastados, caso de Santa Maria e São Leopoldo, cidades de porte similar relatam quase uma centena de licenças, como Caxias do Sul ou Santa Cruz do Sul, ou até mais de cem, situação de Sapucaia do Sul.
A atualização feita entre terça (2) e quarta-feira (3) com as prefeituras e os dois maiores hospitais de Porto Alegre questionou o número de profissionais afastados não só por resultado positivo para covid-19, mas também apresentado sintoma gripal, pertencerem a algum grupo de risco ou por outro motivo preventivo ao coronavírus.
O Grupo Hospitalar Conceição (GHC), que havia registrado queda de 865 para 398 no contingente de profissionais ausentes, segue com o número de afastados diminuindo. Agora, são 313 profissionais em casa, dos quais 26 casos diagnosticados de covid-19 (outros 54 suspeitos testaram negativo).
— A situação está controlada. Esse é o menor número desde que começamos a monitorar. As contratações temporárias suprem os afastamentos, e estamos testando todos funcionários que apresentam sintomas — disse o diretor-presidente do GHC, Cláudio Oliveira.
Enquanto o Conceição mostra uma tendência de controle dos casos, o Clínicas viu os afastamentos quintuplicaram em três semanas. De 21, a instituição passou para 108 profissionais fora de operação.
Dentre os ausentes, 76 são pessoas que tiveram confirmado o diagnóstico de covid-19, enquanto o restante, com sintomas, aguarda pelo resultado dos exames. No fim de maio, o local teve um surto da doença, com nove profissionais do mesmo setor contaminados — todos profissionais da linha de frente do tratamento. GaúchaZH solicitou uma entrevista com a direção do hospital, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem.
No interior do Estado, Pelotas foi o município que teve maior crescimento de profissionais afastados desde o último levantamento. De 45, agora conta com menos 77 trabalhadores. Segundo a Secretaria de Saúde do município, no entanto, o aumento não se deve ao contágio por covid-19, mas por atualizações de decretos municipais que facilitaram o afastamento de integrantes de grupos de risco.
— Dentre os profissionais da saúde, temos um único caso suspeito, que está aguardando pelo resultado do exame. Todos os nossos dados indicam que temos uma situação favorável em comparação a outros municípios — disse a titular da pasta, Roberta Paganini.
Segundo Roberta, o município já efetuou, até o momento, 94 contratações emergenciais ou efetivas de médicos, enfermeiros e técnicos em enfermagem para reforçar o atendimento no combate à pandemia. Para proteger pacientes e funcionários, o trabalho da atenção primária foi dividido em dois turnos: as pessoas com sintomas gripais são recebidas pela manhã, enquanto pacientes com outras demandas consultam à tarde.
Além do município do sul do Estado, pelo menos outros quatro dos que forneceram dados completos indicaram aumento no número de profissionais afastados entre os dois levantamentos: Bento Gonçalves, Novo Hamburgo, Rio Grande e Santa Cruz do Sul.
Novamente, a prefeitura de Viamão não respondeu ao questionário — mesma situação do levantamento anterior —, enquanto a prefeituras de Canoas informou apenas o número de funcionários afastados por testarem positivo para covid-19. Na pesquisa realizada em 13 de maio, Caxias do Sul não havia remetido os dados solicitados. Agora, o município contabiliza 85 afastamentos.
*Colaborou Paula Chidiac