Dois mil brasileiros farão parte de testes de eficácia de uma vacina contra o coronavírus sars-cov-2 desenvolvida pela Universidade de Oxford, na Inglaterra. Para realizar parte da amostragem, serão recrutados para as testagens cerca de mil voluntários que estão na linha de frente de combate ao coronavírus, já que são públicos mais expostos à contaminação. O critério para recrutamento é ser soronegativo, ou seja, ainda não ter sido infectado.
Em São Paulo, os testes serão conduzidos pelo Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A Fundação Lemann irá custear toda a infraestrutura médica e de equipamentos. No Brasil, será executada a fase 3 da pesquisa, que envolve a testagem do antídoto em número massivo de humanos. Antes, as fases 1 e 2 foram realizadas na Inglaterra, com inoculação da vacina em animais e pequenos grupos de pessoas.
Coordenadora do núcleo da Unifesp que comandará a pesquisa, o Crie, a especialista Lily Yin Weckx diz que “o mais importante é realizar essa etapa do estudo agora, quando a curva epidemiológica ainda é ascendente e os resultados poderão ser mais assertivos”.
A previsão é de que os procedimentos no Brasil comecem ainda em junho. A autorização para que os testes fossem feitos foi publicada nesta terça-feira (2) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com apoio do Ministério da Saúde.
A GaúchaZH, o gerente-geral da Anvisa, Gustavo Mendes, disse que os resultados são aguardados para o segundo semestre de 2020.
Ele explica ainda que esse não é um estudo em que as pessoas são infectadas deliberadamente para ver se a vacina funciona. De acordo com Mendes, a ideia é já buscar a imunização, aplicando as doses em quem tem maior risco de exposição.
— Não vai ser um estudo de desafio, como chamados nos casos em que deliberadamente se infecta as pessoas. As pessoas vão tomar dose única da vacina e, depois, vão pra sua vida normal. Após um tempo, elas são avaliadas para ver se produziu ou não os anticorpos para a covid-19. Essa vacina é feita de vírus vivo — explica.
Outros países estão em fase de análise para participação. Os resultados das amostragens serão fundamentais para o registro da vacina no Reino Unido, o que está previsto para ocorrer no final deste ano, caso o resultado da pesquisa seja exitoso. O registro formal deverá ocorrer somente após a finalização dos estudos em todos os países participantes.
A Universidade de Oxford tem um acordo com a multinacional sueco-britânica AstraZeneca para a fabricação e distribuição da vacina em nível mundial.