Desde o começo do mês, o número de profissionais de saúde afastados com diagnóstico de coronavírus aumentou 82% em dois hospitais de referência para o enfrentamento da pandemia em Porto Alegre.
No Clínicas e no Conceição, a quantidade de servidores impedidos de trabalhar por terem contraído o vírus saltou de 102, conforme levantamento publicado por GaúchaZH em 3 de junho, para 186 agora.
A maior parte desse universo de funcionários que acabou sucumbindo ao vírus está no Hospital de Clínicas, onde a direção informava 122 afastamentos em razão da covid-19 até esta segunda-feira (22), com base em um levantamento realizado dois dias antes. Outros 48 profissionais também testaram positivo, mas se recuperaram e já haviam retornado ao serviço.
Além disso, outras 22 pessoas seguiam aguardando análise de exames ou obtiveram resultado inconclusivo. De qualquer forma, também estavam ausentes do trabalho por medida preventiva.
Já o Conceição apresenta um contingente inferior de trabalhadores adoentados pelo coronavírus, mas registrou um índice superior de crescimento ao longo desse mesmo período. O número de afastamentos saltou de 26 no começo de junho para 64 agora — um avanço de 146%.
— Além desses profissionais com diagnóstico positivo, outros 92 tiveram exame negativo para a covid, mas seguem afastados por também apresentarem sintomas de síndrome respiratória aguda grave — afirma o diretor-presidente do Grupo Hospitalar Conceição, Cláudio Oliveira.
Segundo Oliveira, o impacto das contaminações sobre a capacidade de atendimento tem sido amenizado por meio de contratações.
— Como obtivemos autorização para realizar contratações temporárias, substituímos as pessoas que precisam se afastar de maneira mais prolongada. Mas isso resulta em um impacto financeiro maior — observa Oliveira.
O diretor-presidente do GHC lembra que, além das ausências provocadas por adoecimento, os hospitais também afastam preventivamente funcionários de grupos de risco em relação ao coronavírus. Desde março, por exemplo, o Conceição mantém em casa os servidores com 75 anos ou mais (idosos nessa faixa etária têm letalidade mais alta em caso de contágio), e tira da linha de frente de atendimento aqueles com 60 anos ou mais. A direção do Clínicas informou que não poderia se manifestar ainda nesta segunda-feira sobre esse tema.
Nem só a pandemia prejudica as escalas de trabalho nas duas instituições. Somados todos os casos com sintomas de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), com ou sem confirmação para covid, os dois hospitais informam a ausência temporária de 300 servidores — o novo vírus corresponde a 62% dessa cifra.
Conforme um levantamento mais amplo realizado por GaúchaZH e publicado em 3 de junho, naquele momento havia 1,5 mil profissionais de saúde afastados nas 18 maiores cidades gaúchas. Desse contingente, 9,6% tinham diagnóstico confirmado para coronavírus.