Dos oito casos confirmados pela Secretaria Estadual da Saúde (SES) de pessoas com coronavírus em Santa Maria, o primeiro foi de um homem de 32 anos que também foi o primeiro a ser considerado curado da doença. Em conversa por telefone com GaúchaZH, o contabilista conta como foi todo o período desde quando ele acredita ter sido infectado, na metade de março, quando foi a Santa Catarina, até o momento da confirmação de que estava curado, no início do mês de abril. A identidade dele não será informada para a preservação dele e do filho, de 10 anos, que também acabou infectado, assim como a mãe dele, ex-mulher do homem.
– No dia 9 (de março), eu estava em Navegantes, em Santa Catarina, e lembro de numa fila, tinha um pessoal estrangeiro tossindo e espirrando. Mas também peguei ônibus lá e tinha gente espirrando, então, não sei ao certo onde foi – relata o homem.
Ele explica que a ex-mulher e o filho não passaram por exames para confirmar se tinham coronavírus ou não. A explicação dada pelos profissionais da Vigilância em Saúde foi de que não era preciso, porque era praticamente certo que eles haviam contraído o vírus, já que o homem teve a confirmação e eles tiveram contato entre si.
GaúchaZH questionou a prefeitura de Santa Maria sobre a não realização dos testes. A Vigilância em Saúde respondeu que o diagnóstico do homem ocorreu no dia 21 de março, quando o Lacen fazia exames em todos os pacientes suspeitos, o que mudou a partir do dia 23, quando a Secretaria Estadual da Saúde determinou que apenas profissionais da saúde e pacientes graves passassem por exames. Por isso, o filho e a ex-mulher do homem não foram testados, já que apresentavam sintomas mais leves do que o considerado grave. No entanto, esclarece que os dois foram monitorados permanentemente. Eles, contudo, não são contabilizados nos casos confirmados de Santa Maria.
PRIMEIROS SINTOMAS
Ele conta que os primeiros sintomas começaram a aparecer três dias depois de voltar da viagem, já em Santa Maria, e foram variados e intercalavam de intensidade. Uma semana depois, ele foi a uma clínica particular, fez um exame e deu positivo. Um dia depois, fez outro teste, esse pelo Laboratório Central do Estado (Lacen), que confirmou que ele realmente estava com a covid-19.
– Comecei a passar mal na quinta, fiquei ruim. No dia seguinte melhorei um pouco, mas tinha febre, dor de garganta e dor de cabeça, que durou duas semanas. Sempre também com uma tosse seca. Mas intercalava, uns dias piorava, em outros melhorava, era muito instável – descreve.
Segundo ele, pior do que a febre, tosse, e dor de gargante e de cabeça foi o sentimento de impotência e decepção por imaginar que possa ter passado para o filho de 10 anos.
– O que me deixa tranquilo hoje é que agora estou imune. Hoje me sinto feliz, mas fiquei muito triste e decepcionado quando soube que passei para o meu filho (o menino não foi testado). Essa foi a pior parte, saber que eu passei o vírus para ele acabou comigo. O que eu posso dizer é que tem que manter a calma. É algo desconhecido para todo mundo e que efetivamente mata, embora seja um percentual pequeno – afirma.
O homem relata que não tomou remédio durante esse período, mas cumpriu rigorosamente o período de distanciamento social, sem ter saído de casa durante os 14 dias de quarentena recomendados. Apesar de ter apresentado os sintomas, ele disse que não foram tão agressivos, diferentemente do que aconteceu com seu filho – o menino teria sido infectado e teria transmitido a doença para a mãe, mas ambos , que não fizeram exame para confirmar se era covid-19, já estão curados.
– Eu sempre tive uma saúde boa, é difícil eu tomar remédio. Então, os efeitos para mim foram mais tranquilos. Mas o meu filho e a mãe dele tiveram uns dias bem ruins, com muita falta de ar, tiveram que ir no pronto-atendimento. Só que foram esses 14 dias e os sintomas passaram, o meu filho levou um pouco mais, mas todos estamos bem – conta.