A Trensurb transportou 39,3 mil passageiros na última quarta-feira (8), elevação de 10% na comparação com a última segunda-feira (35,6 mil). Esse é o maior número de pessoas carregadas desde 23 de março, segundo levantamento da empresa. O montante de usuários utilizando o sistema é um dos termômetros da maior circulação de pessoas percebida em Porto Alegre e na Região Metropolitana nos últimos dias, o que contraria as medidas tomadas pelo governo do Estado e prefeituras para evitar aglomerações devido à pandemia de coronavírus.
Desde o início da semana, as ruas e avenidas de Porto Alegre também estão mais ocupadas. A maior circulação é explicada em parte pelas filas formadas por quem pretende receber o auxílio emergencial de R$ 600 fornecido pelo governo e em busca de peixe para o almoço da Sexta-Feira Santa. Desde a madrugada de quinta-feira, o Mercado Público registrava aglomeração de pessoas no seu entorno, que recebe tradicionalmente a Feira do Peixe – a 240ª edição foi cancelada devido à pandemia.
Outro indicativo importante no movimento da Capital é a circulação de veículos. Após atingir redução de até 64% durante a quarentena no enfrentamento ao coronavírus, o número de veículos registrados nos controladores eletrônicos de velocidade de Porto Alegre apresentou elevação nas últimas duas semanas. Desde o dia de maior queda, o fluxo subiu 27%, segundo a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC).
Ministério da Saúde acena com flexibilidade
Em coletiva nesta quinta-feira (9), o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, disse que grandes centros urbanos, como as capitais, ainda não devem considerar o fim do distanciamento social. Sobre a possibilidade de afrouxamento das medidas de distanciamento social em algumas localidades, Gabbardo demonstrou flexibilidade:
— Nós devemos dar a máxima atenção à questão da mobilidade social nesses locais. Isso não significa que os Estados tenham que manter todos os municípios com esse mesmo comportamento, uma vez que o número de casos nesses municípios é baixo ou zero. Então, não temos nenhuma crítica em abrir esses municípios.
Gabbardo destacou que, em cidades onde o sistema de saúde está preparado com equipamentos de proteção individual (EPIs) para os profissionais de saúde e leitos suficientes para quando o número de infectados subir, as autoridades têm o poder de avaliar individualmente a retomada da circulação da população.