O domingo (5) ensolarado fez com que muitos porto-alegrenses se desentocassem de seus lares por algumas horas em busca de vitamina D e daquela esticada nas pernas. Apesar de as atividades ao ar livre não representarem risco extremo de contaminação pelo novo coronavírus desde que feitas sem aglomeração e se mantidos os cuidados de higiene, sabe-se que o momento é de isolamento social. Os organismos de saúde estaduais, nacional e internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), têm repetido à exaustão: fique em casa.
— Eu saí para levar a minha filha de nove anos para um passeio de uma hora na orla do Guaíba depois de sete dias sem colocar o pé para fora. Ela já estava surtando e deixando a mim e à mãe dela surtados também. É um risco calculado que estamos correndo — brincou o empresário Paulo da Rocha, de 32 anos.
Enquanto a pequena andava de skate sob o olhar pedagógico da mãe, atenta para que a filha não colocasse a mão em nada potencialmente contaminado pelo vírus que se alastra pelo mundo, o comerciário fazia polichinelos, apoios e pulava corda.
— Durante a semana, faço isso em casa. Mas, hoje (domingo), foi inevitável sair de casa por um breve período.
O céu limpo também incentivou a prática daqueles esportes prejudicados pela limitação de espaço na maioria das casas e apartamentos, como andar de bicicleta, roller, correr e fazer longas e despreocupadas caminhadas. O pessoal saiu às ruas com proteção, sem proteção, com pet, sem pet, sozinhos, em duplas ou trios. A professora Renata Rodrigues, 36 anos, paramentada com uma máscara sobre nariz e boca, foi uma das que passearam no Parque da Redenção pela manhã. Ela estava com a Soja, sua vira-lata de estimação. A caminhada foi curta, somente para que a cadelinha pegasse um pouco de sol e fizesse suas necessidades fisiológicas.
— Toda a minha família tem evitado ao máximo sair de casa. Somente saímos quando estritamente necessário e sempre com muito cuidado, com proteção. É sempre uma pessoa que vai ao mercado, por exemplo — conta.
Como tem levado a Soja para a rua diariamente, consegue comparar como está a circulação de pessoas na Redenção nos últimos tempos:
— Aumentou muito. Na outra semana, tinha bem menos gente. Dava para perceber que as pessoas estavam mais contidas. Hoje, o parque estava cheio, e a maioria das pessoas, sem proteção. Tinha muitos idosos caminhando, casais, famílias inteiras, o que pouco se via antes — observa.