O número de mortos pelo coronavírus na Itália nas últimas 24 horas é de 525, o mais baixo em duas semanas, anunciou neste domingo (5) a Defesa Civil local.
O balanço representa uma redução de 25% em relação ao número de mortes anunciadas no sábado (4). Até o momento, quase 16 mil pessoas morreram devido ao coronavírus na Itália, país mais castigado do mundo pela pandemia, segundo dados oficiais.
No sábado, o chefe da Defesa Civil, Angelo Borrelli, já havia afirmado que o total de doentes da covid-19 em UTIs nos hospitais italianos voltou a se situar abaixo de 4 mil (3.994, contra 4.068 da véspera).
Saída "gradativa"
O governo já pensa em sua recuperação com um plano sanitário, embora advirta que o retorno à normalidade não será do dia para a noite. Temendo um relaxamento no comportamento das pessoas pela chegada da primavera e o feriado da Páscoa, as autoridades insistem em repetir nos últimos dias: "Não se deve baixar a guarda" ao coronavírus.
— Não estamos em condições de suavizar as medidas de confinamento — advertiu o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, ao anunciar que a Itália continuará paralisada pelo menos até 13 de abril.
— A emergência não terminou. O perigo não desapareceu. Ainda temos alguns meses difíceis pela frente, não desperdicemos os sacrifícios feitos — afirmou neste domingo o ministro da Saúde, Roberto Speranza, em entrevista aos jornais Il Corriere della Sera e La Repubblica. O objetivo é uma volta à normalidade "o quanto antes", acrescentou o ministro, sem dar uma data.
O chefe da Defesa Civil, Angelo Borrelli, que todos os dias dá um balanço das vítimas, anunciou na sexta que a Itália continuaria confinada até 11 de maio, embora tenha informado que a decisão correspondia exclusivamente ao governo. Cauteloso, Borrelli mencionou a data de 16 de maio como possível data para uma "fase 2", sinônimo de "coexistência com o vírus", mas só "se a evolução (da pandemia) não mudar".
O ministro da Saúde expôs neste domingo um plano estratégico em cinco pontos "para sair gradualmente" da pandemia, que preconiza o uso generalizado de máscaras, o distanciamento social escrupuloso nos locais de vida e de trabalho" e um dispositivo de hospitais dedicados à covid-19, que ficarão abertos após a crise para impedir um possível retorno do vírus.
O governo prevê reforçar "as redes sanitárias locais" para que cada doente identificado possa ser submetido a testes de detecção e de tratamento, bem como coletar amostras da população para determinar o número exato de contaminados. A Itália considera também o uso de um aplicativo em smartphones, baseada no modelo sul-coreano, para localizar a circulação dos doentes nas 48 horas anteriores à infecção e favorecer a telemedicina para, por exemplo, vigiar a domicílio sua frequência cardíaca e seu nível de oxigênio no sangue.
— Inclusive quando os casos de coronavírus caírem a zero, a vida não será a mesma durante muito tempo — advertiu o presidente do Instituto Superior de Saúde (ISS), Silvio Brusaferro.
Com o abrandamento das medidas de confinamento, as primeiras atividades que deveriam ser retomadas são as vinculadas à cadeia de abastecimento alimentício e farmacêutico. Este também deveria ser o caso dos artesãos, cujas lojas tenham uma visitação limitada de pessoas. Bares, restaurantes, boates e academias de ginástica serão os últimos a abrir e, chegado o momento, é provável que seus proprietários devam prever um distanciamento de segurança de pelo menos um metro entre seus clientes e com seu pessoal.
As pessoas que desejarem voltar à Itália – 200 mil italianos atualmente, segundo cifras oficiais – deverão ser postas em isolamento e apresentar a bordo de um avião ou um trem a declaração juramentada em que informe o endereço em que vão se submeter a um período de quarentena.
Os transportes públicos deverão manter uma ocupação baixa, o que seria possível graças a controladores encarregados de fazer respeitar uma distância entre os passageiros, usando apenas um assento a cada dois ou deixando que um número limitado de pessoas embarque nas composições, trens ou em ônibus.