Integrantes do grupo denominado Docentes pela Liberdade (DPL) escreveram carta aberta ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em defesa do uso da hidroxicloroquina e da azitromicina em pacientes que não estejam em situação grave da covid-19. O documento foi assinado por 31 professores e pesquisadores, de diversas partes do Brasil, das áreas da Saúde e de Exatas. A mensagem foi publicada no site Brasil Sem Medo, que tem em seu conselho editorial Olavo de Carvalho, um dos gurus do presidente Jair Bolsonaro.
O DPL, segundo consta em seu site, busca "recuperar a qualidade da educação no Brasil, romper com a hegemonia da esquerda e combater a perseguição ideológica".
O principal autor da carta é Marcos Eberlin, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e pesquisador de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicampi). O escritor do documento cita no texto que atua na ciência há 40 anos, que orientou mais de 200 pesquisadores, que publicou mais de mil artigos e que é citado em outros 24 mil.
Com o endosso dos outros 30 colegas, ele critica a cautela do ministro em liberar a prescrição de hidroxicloroquina e da azitromicina para pacientes com sintomas não graves da covid-19. Mandetta, em diversas entrevistas, cobra consenso científico, mas Eberlin rebate este argumento.
— A construção de consenso científico pode levar anos, décadas. Além disso, não tem cabimento exigir opinião uníssona em um momento como esse. Nossas barreiras foram derrubadas, podemos ter uma solução em mãos, mas os médicos não a utilizam por falta do protocolo. Não queremos culpar o ministro (da Saúde), mas contribuir para o debate — afirma.
Os argumentos
Para sustentar sua tese, o pesquisador cita o exemplo de Portugal, que, segundo ele, faz uso do coquetel, apesar do "pouco, mas expressivo embasamento científico".
— Pipocam estudos no Brasil e no mundo mostrando sua eficácia. A Prevent Senior (rede de plano de saúde) aplica esses dois medicamentos em pacientes idosos e tem alcançado bons resultados — afirma.
O professor ressalta ainda que cloroquina é usada há bastante tempo pela comunidade médica e que estes profissionais conhecem suas dosagens e contraindicações. Por fim, questionou o motivo pelo qual o coordenador do Centro de Contingência para o coronavírus de São Paulo, David Uip, pôde fazer uso da medicação e a população em geral, não. Em entrevista à Rádio Gaúcha, nesta quarta-feira (8), Uip confirmou que a receita de cloroquina atribuída a ele é verdadeira, contudo, não disse se o remédio chegou a ser utilizado em seu tratamento contra a covid-19.
Quando perguntado pela reportagem de GaúchaZH sobre quantos pacientes portugueses haviam se curado após fazer uso do coquetel, o professor não soube dizer, mas afirmou que são "excelentes" os resultados. Quando indagado sobre os efeitos colaterais da hidroxicloroquina, como arritmia cardíaca, hepatite medicamentosa, anemia, náusea, vômito entre outros, foi enérgico:
— A arritmia é o "saci pererê" da hidroxicloroquina. As pessoas e artigos falam que existe, mas ninguém viu. Todo medicamento tem contraindicação, tem uma relação custo-benefício, mas isso não é desculpa para não usá-lo. Estamos com sede de solução e, nestes casos, é preciso tomar até água barrenta.
Leia na íntegra a carta aberta:
"O coronavírus e a cloroquina: quando exigir consenso é um tremendo contrassenso
Por Marcos Eberlin, PhD
O Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, desaconselha o uso da (hidroxi)cloroquina ou sua associação com azitromicina (HCQ + AZT) para doentes não graves, e justifica sua decisão pela "falta de consenso científico". "Ciência, ciência, ciência, seguimos a ciência!", proclama o senhor ministro, soando, para muitos, como culto e prudente. Porém, ele está equivocado!
Pois o que seria essa ciência que o ministro afirma seguir? E haveria tempo suficiente para esperar por uma resposta, definitiva e consensual, de uma comunidade científica? E quem falaria, de fato, em nome dessa ciência consensual, para anunciar o seu veredito?
Sou um cientista, químico e bioquímico, e já atuei em várias áreas da medicina e de análises clínicas. Meu grupo desenvolveu um método inovador e rápido de diagnóstico de zika. Minha filha — Lívia Eberlin — desenvolveu uma caneta para diagnóstico seguro de câncer e, juntos, trabalhamos em um método rápido de diagnóstico para o coronavírus. São dados obtidos nesta semana, e, se tais dados forem confirmados, teremos algo muito inovador a oferecer pela ciência. Atuo em ciência há mais de 40 anos, coordenei um grupo de pesquisas com mais de 55 doutores e pós-doutores, já orientei mais de 200 deles, e publiquei mais de mil artigos científicos com quase 25 mil citações. Desculpe a falta de modéstia, mas se ciência é a questão aqui, tenho que dizer que sou um dos cientistas brasileiros mais produtivos da ciência brasileira contemporânea. Atuo, também, em uma área da ciência que estuda nossas origens, na qual uma teoria é apresentada como pleno consenso científico; entretanto, mesmo em meio a este "consenso", ainda reinam mais dúvidas do que certezas. No fundo, nós cientistas só sabemos que quase nada sabemos! Mas se um pouco sabemos, que usemos este conhecimento já, aqui e agora!
Com a autoridade científica que meus feitos me outorgam, não tenho dúvidas em declarar que o senhor ministro da Saúde, (Luiz) Henrique Mandetta, equivoca-se tremendamente ao clamar por consenso científico nas atuais circunstâncias.
Consenso, não raro, diz respeito a políticos. Mas como afirma Richard Feynman, um dos maiores físicos e filósofos da atualidade: "A ciência é a cultura da dúvida". Jamais teremos certeza consensual em ciência! É evidente que o acúmulo de muitos dados ao longo de vários anos de pesquisas pode certificar algumas hipóteses e derrubar outras, provisoriamente. Mas a dúvida sempre persistirá. E é preciso que persista a fim de que a própria ciência avance e se aperfeiçoe.
Portanto, exigir consenso científico e que cientistas em suas sociedades científicas se reúnam e cheguem em uma posição consensual, em meio a uma pandemia, é revelar temor em agir num momento premente como o que vivemos. Para a cloroquina no tratamento da covid-19, pedir consenso de seres por natureza céticos e questionadores é solicitar o impossível, para justificar uma omissão. É ignorar as evidências que já temos em nome de muitas evidências que até poderão surgir, porém, tarde demais; quem sabe depois da morte de muitos. É se negar a desviar o Titanic, enquanto se espera um consenso sobre se a mancha no radar é mesmo um iceberg à frente.
Em Portugal, por exemplo, médicos do Ministério da Saúde adotaram o HCQ + AZT para tratar a covid-19, tomando essa decisão com pouco mas expressivo embasamento científico, frente aos resultados do primeiro estudo do professor Didier Raoult e seu numeroso grupo de pesquisadores e de especialistas do Instituto Ricardo Jorge (onde há pesquisadores com elevada produção científica que estudam a malária e outras doenças tropicais), e do Instituto de Medicina e Higiene Tropical da Universidade Nova de Lisboa.
Os portugueses esperaram por consenso científico? De duas sociedades científicas? Pediram estudos clínicos multicêntricos com duplo cego envolvendo um número de casos cientificamente válido? Evidentemente que não! Seria um contrassenso imenso insistir em exigir coisas assim numa hora como esta! Pois estudos desta natureza seriam demorados demais (pelo menos 12 meses), e o vírus que enfrentamos não tem clemência por temerosos e retardatários. Pior, estudos com esta metodologia são difíceis de serem aplicados em doenças infecciosas, pois colocariam em risco a vida dos participantes nos grupos de controle e/ou de placebo. Na verdade, nem sequer seriam aprovados em muitos Comitês Científicos de Ética.
Os portugueses, caro ministro Mandetta, foram bravos, corajosos e plenamente científicos. Usaram as evidências empírico-científicas de que dispunham e não hesitaram: agiram, rapidamente, pois era hora. Siga esse protocolo de sucesso!
Descartar um tratamento com baixo risco e com potencial para salvar muitas vidas, mesmo que possa até não funcionar, dar empate, é uma atitude moralmente inadmissível! E, por que não, cruel.
Argumentos sobre a não cientificidade do uso de HCQ + AZT, ou, que devemos usá-las somente após ser declarado esse um consenso científico ignoram o que é ciência, como se constroem consensos científicos, sua efetividade em muitos casos, é verdade, mas, outrossim, suas inegáveis limitações, em outros.
Seria muito bom conhecer mais, se tempo tivéssemos, mas os dados disponíveis atualmente clamam com veemência pelo uso da cloroquina, e já!
E quais seriam estes dados?
A favor da HCQ + AZT temos:
A cloroquina já é usada há décadas, conhecemos as dosagens, as suas contraindicações.
Africanos a tomam todos os dias, e missionários na África são aconselhados a tomar doses diárias. Muitas vidas na África talvez sejam salvas por essa "feliz coincidência".
Não há relatos científicos de muitas mortes ou sérios efeitos colaterais pelo uso da HCT.
Vários estudos fervilham no Brasil e no mundo mostrando sua eficácia. A Prevent os tem aplicado preventivamente em centenas de seus pacientes idosos, com muito sucesso.Uma pesquisa na literatura científica (sciFinder e outros) sobre a HCT retorna muitos registros de seu efeito antiviral, inclusive no tratamento de zika.
Um dos maiores especialistas em epidemias no Brasil, entre eles um pesquisador sênior e altamente produtivo e respeitado, o Dr. Paolo Zanotto, aconselha fortemente seu uso.
O pior efeito colateral é a morte, e este efeito colateral ronda milhares no Brasil pelo não uso da HCQ+ AZT!
Vários médicos têm feito uso próprio da HCQ + AZT, em casos “brandos”, inclusive o coordenador da equipe do governador Dória em SP, o Dr. David Uip. Por que para ele pode, e para o povo, não pode? Um amigo meu, biólogo e cientista, consultou seu médico, tomou e sarou, em poucos dias.
Contra temos:
A falta de consenso científico.
Ou seja: é uma goleada cientifica de 7 a 1 a favor da cloroquina ou da dupla HCQ + AZT.
Caro ministro, ciência é o pesar das evidências que temos, aqui e agora. É agir hoje, com coragem e esperança.
Errar é humano, mas errar por esperar consenso científico é isenção hedionda, pois o inimigo já derrubou as nossas muralhas e está a ceifar as vidas de nossas mulheres e filhos.
Há relatos de pobres morrendo clamando pela cloroquina! Pois os ricos e poderosos, como o Dr. Uip, estão sendo todos tratados por seus médicos particulares com HCQ + AZT, e, por um motivo qualquer que ainda me é obscuro, negando-se a revelar a receita da cura. Médicos não abandonam seus pacientes, e também não lhes negam a receita!
Mas ainda há tempo e esperança. E, senhor ministro, estou certo de que tomará a decisão correta.
Não corra o risco de ter sobre vossa consciência o peso da morte de centenas ou milhares de pessoas que poderão morrer sem sequer ter a chance de testar a terapia. Seja corajoso, seja científico! Autorize o uso da ciência que temos aqui e agora, a ciência de hoje!
Ministro: se errar, erre tentando, empatando! Mas se acertar, acerte ganhando, salvando vidas!"