Os medicamentos à base de cloroquina e hidroxicloroquina são estudados em seis dos nove ensaios clínicos que estão em andamento no Brasil para avaliar alternativas contra a covid-19. O Ministério da Saúde mantém a orientação de utilizá-los apenas em pacientes hospitalizados e considerados casos graves. Até o final de abril, novas conclusões preliminares podem mudar os protocolos.
A possibilidade de que médicos receitem a medicação, analisando casos individuais leves, foi assunto na coletiva desta terça-feira (7).
— Se o médico está convencido de que isso é o melhor para o paciente dele, ele deve comunicar o paciente. A prescrição, o papel e o carimbo são dele. A farmácia está lá e vai dispensar (o medicamento). O que a gente alerta é que este medicamento tem alguns problemas — comentou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
Segundo Mandetta, os remédios que contêm cloroquina não são novidade para os médicos brasileiros. Porém, ele aconselha que sejam comunicados os riscos e a falta de evidências científicas que comprovem a eficiência contra o novo coronavírus.
O secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Denizar Vianna, disse que a cloroquina tem seus benefícios e riscos conhecidos, mas que seus efeitos em pacientes de covid-19 ainda são estudados. Ele explica que o composto químico ativa mecanismos no coração que podem desencadear "arritmias que podem ser potencialmente fatais".
— Essa arritmia tem que ser muito bem acompanhada. Antes de fazer o (uso do) medicamento, o paciente tem que fazer um eletrocardiograma para documentar se ela vai acontecer. Durante o tratamento, isso também deve ser monitorado — explica.
Tais riscos fizeram o Ministério adotar a medida, divulgada em 27 de março, de aconselhar que a cloroquina seja utilizada apenas em pacientes graves e internados em ambiente hospitalar. Vianna explicou que os resultados científicos são imprescindíveis quando são pensadas estratégias para todo o país.
— O Ministério da Saúde é um formulador de políticas de saúde, e não pode gerar uma política para toda a população diante dessas incertezas — justificou, complementando:
— A tomada de decisão específica para casos graves e críticos que estão em ambiente hospitalar confere ao Ministério uma maior segurança, porque aí estamos ofertando para uma população com maior risco de mortalidade, e a chance de benefícios supera as de piora no quadro.