Centros de pesquisa do Brasil estão autorizados a fazer estudos experimentais com o plasma de pacientes curados da covid-19 para tratar casos mais graves da doença. A autorização partiu da Anvisa, agência do governo responsável por regular esse tipo de iniciativa.
O plasma é a parte líquida do sangue. Nele, são encontradas proteínas, sais minerais, gás carbônico e outras substâncias dissolvidas. Estudos realizados no exterior mostraram que o plasma teria a capacidade de encurtar a manifestação dos sintomas mais graves em pessoas infectadas pelo novo coronavírus.
Segundo informações da TV Globo, um consórcio firmado pelos hospitais Albert Einstein e Sírio Libanês, além da Universidade de São Paulo (USP) aguarda aval da Comissão Nacional de Ética e Pesquisa para iniciar os estudos.
Mas a própria Anvisa, em nota técnica divulgada na última sexta-feira (3), pediu cautela em relação ao que já se sabe sobre os benefícios do plasma."Estudos científicos têm sugerido resultados promissores, porém, derivam de análises não controladas e com tamanho limitado de amostras. Ou seja, eles são insuficientes para a comprovação definitiva sobre a eficácia potencial do tratamento, requerendo uma avaliação mais aprofundada na forma de estudos clínicos", disse a agência.
A Anvisa reforçou que o plasma convalescente (líquido retirado dos pacientes que se recuperaram da covid-19) seja utilizado apenas em protocolos de pesquisa clínica "com os devidos cuidados e controles necessários, sem prejuízo do disposto em legislação específica sobre a autoridade e a conduta médica do profissional prescritor", complementou.
Os pesquisadores são orientados a recolher o plasma nos serviços de hemoterapia espalhados pelo país e seguir todos os procedimentos de doação da substância. Os estudos não precisarão ser aprovados pela Anvisa, mas deverão seguir as regras dos Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs), da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e do Conselho Federal de Medicina (CFM).
Exterior
A FDA, agência reguladora dos Estados Unidos, aprovou recentemente o teste clínico com o plasma.
Na Itália, um dos países com o maior número de mortes pelo novo coronavírus, o Hospital Policlínico de Pavia, na Lombardia, também iniciou a terapia experimental com plasma.
Na França, a Associação de Hospitais Públicos de Paris, o Instituto Francês de Sangue e o Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica também anunciaram testes com a substância.