Esta quinta-feira (5) foi de mobilização nas redes sociais de alunos da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) contra possível fechamento da área materno-infantil do Hospital São Lucas (HSL). Um abaixo-assinado online foi produzido pedindo que a eventual medida não fosse levada adiante. Até as 18h, o documento virtual já tinha mais de 6 mil assinaturas.
Um protesto foi marcado por estudantes para esta sexta-feira (6), às 7h45min, em frente ao prédio da Reitoria. O presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Marcelo Matias, esteve na tarde desta quinta no hospital para buscar esclarecimentos sobre o ocorrido. Matias disse que se reuniu com a direção da instituição e que lhe foi informado que o objetivo era fechar o setor.
— Eles alegaram questões financeiras para a decisão de fechar em 60 dias a área materno-infantil. Que há atraso nos repasses pela prefeitura de Porto Alegre e que estão promovendo um realinhamento do hospital – disse o presidente do Simers.
Na petição online, consta que “o HSL PUCRS, juntamente com a reitoria da universidade, decidiu no dia de ontem (4) que a área materno-infantil (pediatria e gineco-obstetrícia) será fechada e transferida em 60 dias após o pronunciamento oficial, para o Hospital Materno Infantil Presidente Vargas (HMIPV). Trata-se de dois serviços básicos, essenciais ao ensino dos alunos da ESMED. Essa mudança afetará, de sobremaneira, o nosso aprendizado....”.
O que diz a PUCRS
A PUCRS não confirma, mas também não nega a informação de futuro fechamento da área materno-infantil do Hospital São Lucas, que tem atendimento particular e pelo SUS. Confira a íntegra da nota:
"O Hospital São Lucas está passando por um amplo movimento de reposicionamento. As transformações, previstas para ocorrer em 2020, estão embasadas em estudos sólidos realizados nos últimos dois anos, com a participação de consultorias especializadas, contratadas pela entidade mantenedora do HSL. As iniciativas respondem aos indicadores que apontam transformações na demanda atual e futura da população na área de saúde, decorrentes da rápida mudança no perfil epidemiológico, fruto da inversão da pirâmide etária da população que é ainda mais acelerada no Rio Grande do Sul. Tão logo os projetos sejam finalizados, serão divulgados com total transparência para a comunidade."
O que diz a prefeitura de Porto Alegre
O HMIPV é administrado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), oferecendo 100% do atendimento pelo SUS. A pasta afirma que está em fase de renovação de contrato junto ao Hospital São Lucas da PUCRS e que é natural, neste momento, alternativas serem estudadas, mas também não deu detalhes sobre essa negociação. Sobre o que teria sido dito pela direção do hospital, segundo o presidente do Simers, divulgou nota:
"A Secretaria Municipal de Saúde não possuiu, nem possui, nenhum atraso com o Hospital São Lucas da PUCRS. A secretaria tem neste hospital um parceiro de décadas de serviços à rede pública e privada. O órgão municipal atua de forma clara e parceira com todos os hospitais de Porto Alegre. A afirmação do Simers só demonstra a falta de informação e a forma irresponsável com a qual o sindicato atua, deixando de lado os interesses da população e agindo somente em benefício próprio e individual de uma categoria."